O português José Guilherme, ex-quadro dos CTT, foi reconhecido pela Universal Postal Union (UPU), agência da Organização das Nações Unidas para o sector postal que integra cerca de 200 operadores postais do mundo. O prémio foi entregue no passado dia 7 de Fevereiro, em Berna, durante a assembleia da UPU.
O prémio anual visa reconhecer responsáveis de projecto da UPU que se distinguiram naquele ano. Nesta edição, além de José Guilherme, a UPU distinguiu também um responsável dos Correios do Canadá.
José Guilherme coordenou um grupo de peritos, a convite da UPU na qualidade de quadro dos CTT, no qual teve a missão de trabalhar no plano de segurança rodoviária a nível da UPU, tendo iniciado em meados de 2022.
O trabalho desenvolvido dividiu-se pela preparação da política de segurança da UPU, realização de acções de sensibilização, preparação de um curso e realização de formação de colegas e outros países, assim como pela preparação do regulamento para a criação do prémio UPU de Segurança Rodoviária e o inicio do piloto com países de língua portuguesa para a implementação de programas de segurança rodoviária nos operadores desses países, nomeadamente Brasil, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
À Security Magazine, José Guilherme salientou que este prémio, além do reconhecimento pelo trabalho realizado, é um reconhecimento da importância da segurança rodoviária nas empresas e dos muitos ganhos que são possíveis em vários aspectos. “Na época dos SDG, e em que se fala tanto de sustentabilidade, é importante afirmar que a segurança rodoviária e a vida dos trabalhadores é a maior garantia da sustentabilidade e esquecemos isso muitas vezes”, diz, destacando como exemplo slogans como “Green and Fast, quando todos sabemos que a velocidade contribui em muito para a sinistralidade rodoviária”.
Depois de 40 anos ligado aos CTT, onde desempenhou funções de gestor de frota e transportes, e mais recentemente do programa de segurança rodoviária, José Guilherme destaca que “foi uma experiência fantástica”, onde teve “liberdade e apoio para pensar no melhor programa, implementar as medidas”. Como acrescenta, “ao longo dos vários anos, houve momentos de algum desanimo, mas também de muita alegria, sobretudo quando víamos os resultados do trabalho aparecerem, traduzidos na redução de acidentes e dos dias de baixa, relacionados com acidentes”. Como afirma, “não é fácil, é um trabalho duro, em que é preciso muito persistência e onde a gestão de topo é fundamental”.
Quanto ao futuro da segurança rodoviária em Portugal, não esconde a preocupação. “Vejo muitas acções mas poucos ou nenhuns resultados”, sendo que “as tendências mais recentes são preocupantes”. O responsável diz que continua a “não ver a atenção que devia ser dada às empresas com frotas. São um público específico, muito exposto ao risco de acidente rodoviário e que deve merecer uma atenção grande”. Além disso, diz-se preocupado pois “continuam a morrer pessoas nas nossas ruas e estradas e parece que ninguém liga”.