Carlos Caldeira, CyberSecurity Division Manager da Oramix, avança à Security Magazine que “tem existido nos últimos anos uma maior percepção dos ciber riscos nas empresas”. Quanto à pandemia, considera “que se fez mais em cinco meses, do que em dois anos, no que concerne à transformação digital e Cibersegurança”.
Como tem evoluído a percepção do ciber risco por parte das empresas em Portugal?
Tem existido nos últimos anos uma maior percepção dos ciber riscos nas empresas. Cada vez mais quem gere as empresas têm a noção que corre riscos financeiros e de imagem muito relevantes.
Os factores que constituem para essa maior preocupação residem no incremento da transformação digital e na necessidade de cumprimento de regulamentos por parte das empresas. A pandemia Covid-19 acelerou este paradigma, uma vez que quer a forma de trabalho, quer o negócio teve de se adaptar.
Quais são as principais motivações de compra por parte dos clientes ao nível de produtos/soluções de cibersegurança?
As motivações dos clientes para a compra de soluções de Cibersegurança, passa essencialmente por garantir que o seu negócio esteja seguro mas também que cumpra os regulamentos legais a que este está sujeito tais como o RGPD, ISO27001, PCDSS, COBIT, etc.
A Cibersegurança deixou de ser um “commodity” e passou a ser um pilar para o desenvolvimento de negócio digital. Não faz sentido pensarmos apenas em soluções tecnológicas, se não existem processos (que servem de alicerces para a sua continuidade consolidando-as no negócio) e pessoas (que as usam e as mantêm).
Considera que a actual pandemia trouxe impactos à estratégia de gestão de risco das empresas? Que aprendizagens podem retirar empresários e profissionais desta situação?
A estratégia de gestão de risco foi revista tornando-se uma disciplina mais proactiva, uma vez que o negócio não pode parar e quem gere as empresas teve de tomar decisões mais rápidas, para garantir a sua continuidade, mas sem que o seu coeficiente de risco seja alterado.
Consideramos que se fez mais em cinco meses, do que em dois anos, no que concerne à transformação digital e Cibersegurança.
Durante este período, foi observado um incremento dos ataques ás identidades devido à dilatação do perímetro das organizações, uma vez que passou a ser a casa e o endpoint de cada colaborador. Isto deu origem a campanhas de phishing maliciosas e direccionadas, cada vez mais aperfeiçoadas tendo em conta esta realidade.
Demonstrou-se assim que faz muito sentido a aposta em transformação digital das empresas e na adopção de cloud, garantindo que a sua força de trabalho esteja em qualquer lugar, a qualquer hora, online e segura.
A automatização de processos constituem também uma importante vantagem competitiva das nossas empresas, permitindo agilidade e ao mesmo tempo segurança. São estas as aprendizagens que todos nós podemos tirar deste tempo tão conturbado, que se tornou num novo normal.