Como é que o talento está a mudar no setor da segurança privada?

Opinião

O setor da segurança privada está a viver uma verdadeira revolução, e o principal agente dessa transformação é o talento humano. Ao longo dos anos, o conceito de segurança evoluiu significativamente, impulsionado pelo avanço tecnológico e pelas mudanças das necessidades das empresas e da sociedade. No entanto, é o talento – as pessoas que trabalham no setor – que está a redefinir as fronteiras da segurança privada, adaptando-se a um mundo cada vez mais complexo e conectado.
Tradicionalmente, a segurança privada era associada à força física e à presença no terreno. Os vigilantes, patrulhas e sistemas de vigilância eram os pilares deste setor. Contudo, nos últimos anos, assistimos a uma transformação profunda deste paradigma, com a digitalização e a automação a ganharem destaque nas atividades do setor. Este novo cenário exigiu uma grande mudança nas competências exigidas, e por consequência, no tipo de profissionais necessários na área são completamente diferentes dos que eram necessários há 5 anos, por exemplo. Atualmente é preciso não só alguém entenda as ameaças físicas, mas que também seja capaz de lidar com riscos cibernéticos, tecnologia avançada e uma gestão mais proativa da segurança.
É cada vez mais exigido aos profissionais da segurança terem competências tecnológicas. A integração de sistemas de vigilância inteligentes, análise de dados em tempo real e a cibersegurança tornaram-se temas comuns no setor. Este avanço tecnológico exige talento qualificado, que, em muitos perfis, compreenda e saiba manusear ferramentas como a inteligência artificial, machine learning e big data para identificar e prevenir ameaças. Assim, o talento moderno no setor de segurança privada não é apenas técnico, mas também estratégico, capaz de antecipar problemas e agir de forma preventiva.
Além disso, o talento no setor da segurança privada já não é composto apenas por perfis tradicionais. Hoje, vemos profissionais altamente especializados que combinam áreas como tecnologia da informação, análise de risco e comportamento humano. Esta abordagem multidisciplinar permite que as empresas de segurança desenvolvam soluções mais completas e integradas, algo que seria impensável há alguns anos. A capacidade de entender as interações entre o mundo físico e digital é um fator diferenciador no novo panorama da segurança.
A formação contínua também é um elemento fundamental na evolução do talento no setor. Com as ameaças a tornarem-se cada vez mais sofisticadas e diversificadas, a necessidade de que os profissionais se mantenham atualizados e que invistam na sua formação é mais premente do que nunca. Certificações em áreas como cibersegurança, gestão de crises e compliance são cada vez mais enriquecedoras, e as empresas que apostam no desenvolvimento do talento conseguem não só oferecer melhores serviços, mas também conquistar a confiança dos clientes.
O talento está a mudar o setor da segurança privada de forma significativa. A era em que a segurança se limitava a vigilância passiva e força física já ficou para trás. Hoje, o talento especializado, inovador e multidisciplinar é o principal motor de transformação. As empresas que souberem atrair, desenvolver e reter este talento estarão mais bem preparadas para enfrentar os desafios de um mundo em constante evolução, onde a segurança, tanto física quanto digital, se tornou uma prioridade para todos os setores. O futuro da segurança privada está nas mãos das pessoas, e é através do talento que o setor continuará a crescer e a adaptar-se às novas exigências do mercado.

Por Gonçalo Morgado, Diretor geral da Prosegur Security