No final de 2023, o grupo Bosch anunciou os seus planos de realinhar a divisão de Building Technologies, com a alienação das suas actividades relacionadas com produtos de segurança, nomeadamente videovigilância, controlo de acessos, detecção de intrusão e comunicações. Desde então, ainda não é conhecido o comprador destas actividades. No entanto, durante o Bosch Tech Day, que decorreu hoje em Lisboa, Luís Gomes, Sales Director PA Iberia & Conference Portugal na Bosch Security and Safety Systems, destacou que o comprador será anunciado até ao final deste ano.
O processo de venda tem sido faseado, desenvolvendo-se por trimestres ao longo do ano de 2024. Recorde-se que esta área de negócio conta com cerca de 5000 colaboradores, está presente em 90 locais em todo o mundo e factura cerca de 3 mil milhões de euros. “Não é fácil realinhar tudo isto”, disse o responsável.
A empresa procurava um comprador que aceitasse comprar as três unidades de negócio, juntamente com os colaboradores e localizações – sendo que o negócio dos sistemas de alarme de incêndio não foi vendido.
Com esta aposta, o grupo pretende focar-se “na actividade de integrador regional, com soluções e serviços para a segurança dos edifícios, eficiência energética e automatização dos edifícios”, destacou na altura. Com este realinhamento, a divisão de Building Technologies passará a empregar cerca de 7600 colaborares e operará em 40 localizações em oito países.
Um novo começo
Luís Gomes destacou que a partir do próximo ano terá início um novo começo. “No entanto, nada irá mudar em termos de pessoas”, até porque “as empresas são as pessoas”. Neste sentido, todo o know-how, bem como a linha de produtos actual, será mantida.
A partir do segundo trimestre de 2024, concretamente “em Abril e Maio iremos fechar o processo e trabalhar na nova empresa”, destacou. O responsável procurou também tranquilizar o mercado e os presentes, sublinhando que vêm aí novos tempos e coisas boas. Até porque, os investimentos e lançamento de novos produtos irão continuar. Um desses investimentos é na fábrica de Ovar, a qual emprega mais de 1200 colaboradores na produção. Hoje esta unidade conta com um novo layout e está focada no novo recomeço. “A nova parte terá mais de 300 pessoas focadas em Investigação e
Desenvolvimento. Existindo ainda uma margem para expansão”, ou seja, os produtos são made in Portugal e continuarão a ser, disse. “A fábrica de Ovar é enorme, onde está a ser feito um grande investimento e é hoje um centro de competências a nível mundial. Somos dos únicos fabricantes a produzir em Portugal”.
Bosch Tech Day: “Nós vendemos valor”
Sobre os novos produtos anunciados, o fabricante destacou as soluções preditivas de videovigilância baseadas em Inteligência Artificial e soluções dos sistemas de comunicação e de conferências.
No caso dos produtos de videovigilância, Norberto Barroca, sales manager da empresa, destacou as soluções com o poder de prever.
“A videovigilância torna-se inteligência visual com os sistemas preditivos de vídeo”, disse, ou seja, “vamos deixar de ter os sistemas tradicionais de alertas para soluções evolutivas”, uma mudança originada com a IA. “Estamos a fazer a mudança da videovigilância baseada em detecção para respostas pró-activas”, destacou. “Iremos lançar os primeiros algoritmos que terão capacidade preditiva de detectar alguns acontecimentos antes deles acontecerem”.
Durante a sessão foram demonstradas as utilizações da IA em determinadas verticais. A empresa destacou a solução de detecção de armas de fogo através de assinatura de áudio e vídeo e a solução de alertas baseados na aparência.
Em 2024 “fizemos um investimento contínuo em novas soluções e lançámos a cada dois meses uma nova solução. (…) queremos ir mais-além com soluções preditivas e que tragam uma camada de inteligência adicional”.
“As analíticas são os factores diferenciadores”, salientou Ricardo Mendes, Sales District Managment Portugal. O responsável focou-se nos sensores de vídeo que permitem, por exemplo, a identificação de vários elementos de um individuo, permitindo perceber ou detectar determinados detalhes e actuar de forma célere. Outro exemplo apresentado baseou-se na utilização analítica para detecção da utilização ou não de Equipamentos de Protecção Individual (EPI), assim como a detecção de matrículas, marca e modelo de um veículo ou a detecção perimetral.