Portugal enfrenta, ano após ano, situações extremas em termos de incêndios florestais. O último relatório da Effis, de 2022, aponta para valores muito relevantes em termos de área ardida e número de incêndios florestais reportados em Portugal, colocando o país no topo da lista dos mais fustigados em termos europeus. Consulte aqui o estudo.
No estudo, Portugal surge com um total de 10390 incêndios florestais, ficando somente atrás de Espanha e França, ambos com 10507 e 22796, respectivamente. Em termos de área ardida, Portugal registou 110097 hectares, ficando somente atrás de Espanha, que registou 267947 hectares.
Existem alguns projectos a nível mundial que aliam a tecnologia ao combate e prevenção de incêndios florestais, nomeadamente ao nível da 5G e IA, juntando IoT, drones e satélites. Os exemplos são variados e já estão a ser implementados, por exemplo, nos EUA, Canadá, Espanha, Chipre e Alemanha.
Num interessante artigo do Portal 5G são referidos os seguintes projectos:
- Província de Colúmbia Britânica, no extremo oeste do Canadá – tecnologia inovadora, que usa o 5G, a Inteligência Artificial e satélites para localizar rapidamente focos de incêndio florestal ainda antes de as chamas se propagarem. Câmaras aéreas, equipadas com Inteligência Artificial conseguem detectar fumo a uma distância até 20 km das torres 5G. O programa inclui a instalação de sensores ligados por satélite em áreas remotas para aumentar a vigilância em zonas entre montanhas e deserto e que constitui um habitat para uma notável biodiversidade. O objectivo da iniciativa é estender gradualmente a tecnologia por todo o país nos próximos anos.
- Espanha – Virtual Firefighter é um piloto desenvolvido por um consórcio liderado pela empresa espanhola Cellnex, que usa uma rede privada 5G e um drone equipado com câmaras termográficas para localizar com precisão as equipas e os veículos que se encontram a combater incêndios florestais. O sistema visa optimizar e coordenar remotamente os recursos humanos e materiais através de um sofisticado mapa de calor que permite gerir as diferentes fases de um incêndio.
- Espanha – Barcelona – Através da Internet das Coisas, são transmitidos dados, como a posição e o movimento dos bombeiros. Informações como a geolocalização do fogo, as áreas envolventes ameaçadas e as povoações mais próximas são enviadas ao posto de comando mais próximo para assegurar uma gestão mais ágil dos recursos. O projecto está a ser lançado no município de Barcelona e a expectativa é que outras tecnologias, como Inteligência Artificial e Realidade Aumentada, possam vir a ser também integradas.
- EUA – A Inteligência Artificial assume um papel cada vez maior na prevenção e combate aos incêndios, estando, aliás, no centro de um inovador modelo criado pelos investigadores da Universidade da Califórnia do Sul. O projecto combina a IA com dados de satélite para antecipar a trajectória de incêndios que muito rapidamente adquirem grandes dimensões. Para desenvolver o modelo, foram recolhidas imagens de satélites de alta-resolução de incêndios ocorridos em anos anteriores no Estado da Califórnia. Os dados mostraram aos investigadores como cada fogo começou, como se alastrou e como acabou por ser dominado. A análise permitiu identificar os factores que influenciaram a resposta aos incêndios, como condições do clima e do solo ou combustíveis florestais. O modelo, denominado de cWGAN (sigla em inglês para conditional Wasserstein Generative Adversarial Network) foi depois alimentado com todas as variáveis que condicionam a progressão de um incêndio. Munido com toda essa informação, o sistema foi por fim programado para reconhecer padrões e fazer previsões sobre como os futuros fogos se vão espalhar.
- Chipre – drones estão no epicentro da prevenção e combate aos incêndios. Os aparelhos voadores, desenvolvidos pela startup Probotek, detectam fumo e fogo em zonas remotas e montanhosas do Parque Nacional Athalassa, na região de Nicósia, contando ainda com uma rede privada 5G e Inteligência Artificial. O sistema conecta sensores de dióxido de carbono, de temperatura e de humidade no solo e conta ainda com drones a sobrevoar a floresta, transmitindo para a sala de operações dados e imagens em tempo real através da rede 5G. Os drones usam a Inteligência Artificial para analisar as imagens. A tecnologia é capaz de emitir alertas aos primeiros sinais de incêndio, fornecendo às autoridades dados em tempo real, incluindo a dimensão do incêndio, a direcção de propagação e a rota ideal de extinção. Uma das maiores vantagens desta solução é a sua capacidade para notificar os bombeiros assim que detecta sinais de fumo junto ao solo. Essa antecipação é considerada um trunfo no combate aos incêndios que, por estarem ainda numa fase precoce, se torna mais fácil evitar a sua propagação.
- Alemanha – Projecto ALADIN utilizou uma rede 5G temporária e fiável – 5G campus – para controlar com maior precisão os veículos de combate a incêndios, a transmissão em tempo real dos fluxos de vídeo e de dados entre as equipas de protecção civil. O protótipo foi implementado no aeródromo de Schönhagen, no estado alemão de Brandemburgo. O apoio desta tecnologia é prestado através de uma infraestrutura de telecomunicações inovadora, através da qual é criada uma rede 5G dinâmica assistida por satélite para facilitar as comunicações em áreas remotas. Com as telecomunicações instaladas, é possível mobilizar outros meios, como drones de vigilância que recolhem e transmitem vídeos e imagens em tempo real, proporcionando uma visão abrangente e em directo da situação, enquanto os carros de bombeiros não tripulados avançam para os locais onde é preciso combater e controlar o fogo.