Em debate sobre as ameaças da segurança cibernética, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que os perigos de transformação das tecnologias digitais em armas têm aumentado a cada ano.
Na sessão realizada esta quinta-feira no Conselho de Segurança, o líder das Nações Unidas chamou a atenção para a escalada da actividade maliciosa no ciberespaço. Os envolvidos são actores estatais, agências não estatais ou criminosos declarados.
Graves incidentes de segurança cibernética
Entre os graves incidentes de segurança cibernética, o secretário-geral listou as violações de serviços públicos essenciais como saúde, bancos e telecomunicações.
Guterres mencionou ainda a acção daqueles que chamou de mercenários cibernéticos com “actividade ilícita implacável, incluindo por organizações criminosas”.
Para ele, a lista de ameaças inclui “comerciantes de ódio enchendo a superestrada da informação com medo e divisão” e o “uso crescente do ciberespaço como outra arma em conflitos armados que está em andamento”.
O discurso assinalou o emergir dos utilizadores de actividades de computação que promovem causas políticas, sociais ou ideológicas. Para o chefe da ONU, os chamados “hacktivistas” dissipam as fronteiras entre combatentes e civis.
Uso indevido da tecnologia digital
Guterres apontou ainda a fragilidade da crescente integração de ferramentas digitais com sistemas de armas, incluindo os autónomos. Para Guterres, ao mesmo tempo, o uso indevido da tecnologia digital se torna mais sofisticado e furtivo.
Essas acções são alargadas pela acção dos que usam códigos maliciosos, como malware, wipers e trojans, e pelas operações cibernéticas apoiadas pela inteligência artificial. O secretário-geral destacou que a computação quântica pode quebrar sistemas inteiros com a capacidade de violar a criptografia.
A acção de bloquear dados por códigos para depois exigir resgate às vítimas para terem acesso é “um exemplo grave de vulnerabilidades de softwares sendo exploradas e recursos de intrusão cibernética vendidos pela internet”. Guterres aponta o ransomware como uma “ameaça às instituições públicas e privadas e à infraestrutura crítica da qual as pessoas dependem”.
O discurso enfatiza estimativas revelando que em 2023 os pagamentos totais de ransomware atingiram 1,1 mil milhões de dólares.