A videovigilância é cada vez mais valorizada pelos responsáveis de segurança. Instalados como um mecanismo dissuasor e cumprindo, por exemplo, a função de acompanhamento por imagem de uma situação num determinado local, os equipamentos de videovigilância têm recebido melhoramentos e aperfeiçoamentos, tornando as suas valências e capacidades mais aprimoradas e amplas. A Inteligência Artificial associada às câmaras de videovigilância marca as principais tendências. A Security Magazine foi conhecer a realidade e pontos de vista de alguns directores e responsáveis de segurança e a forma como usam a videovigilância nas suas organizações, a qual se mostra praticamente indissociável de um dispositivo de segurança eficiente e eficaz.
Um pouco por todos os sectores de actividade, por obrigação legal ou não, há cada vez mais organizações a investir em equipamentos de CCTV, procurando adaptar e modernizar os seus sistemas de segurança com mais ferramentas e capacidades.
Um Circuito Fechado de Televisão ou CCTV é composto por vários equipamentos que, juntamente com a infra-estrutura adequada para a sua interligação, permite a visualização e gravação vídeo de situações que ocorrem num determinado local, com o objectivo de minimizar os riscos.
A sua aplicação vai muito além da segurança, podendo ser utilizado para controlo e supervisão de processos industriais e logísticos, controlo de tráfego ou, simplesmente, servir como dissuasor, entre outros. Composto por câmaras fixas ou rotativas, um sistema de CCTV transmite essencialmente imagens para um gravador central e permite a captação e gravação de imagens em tempo real de um determinado local.
Os primeiros tempos ficam marcados pela utilização de câmaras analógicas, ainda por muitos utilizadas, porém, a tendência mostra a transição para equipamentos IP (Protocolo de Internet), os quais vêm disponibilizar outras mais-valias e extras como, por exemplo, o armazenamento ilimitado na cloud ou acesso via app.
A acompanhar esta tendência surgem maiores preocupações com a cibersegurança, as quais estão na ordem do dia. A estes equipamentos são adicionados novas valências e melhorias ao nível da captura e qualidade da imagem, alicerçadas, cada vez mais, pela Inteligência Artificial (IA) e analítica, por exemplo.
As preocupações com custos associados à eficiência energética merecem uma atenção crescente por parte dos fabricantes de novos equipamentos e soluções, tal como nos aponta Rui Gramunha, fire safety & security sales head da Siemens. Como aponta, a eficiência energética “é, sem dúvida, uma das prioridades das organizações que nos contactam, com o intuito de investir na implementação e também na modernização dos sistemas de segurança, para que sejam mais robustos, flexíveis e funcionais, e com o intuito de criar espaços mais seguros e com exploração mais eficiente”.
Bruno Bento, Key Account & Business Development Manager Portugal da Hikvision, refere que a maior procura por soluções e equipamentos que utilizem IA, “obriga” a que os fornecedores “sejam mais rápidos no desenvolvimento de hardware e analíticas que consigam acompanhar esse desenvolvimento”. Como aponta, “cada vez mais, a câmara é um device que associa a segurança a muito mais que isso, sendo utilizada para obter dados para que possa tomar-se decisões, melhor operacionalidade de empresas, reduzir custos, gerir trânsito, etc”.
Controlo e prevenção
No Metropolitano de Lisboa a segurança é uma prioridade, quer pela própria dinâmica e vivência do espaço, quer pela quantidade de pessoas que diariamente se deslocam na rede de metro da capital. À Security Magazine, o Conselho de Administração (CA) salientou que o CCTV foi inicialmente introduzido “para ajudar a operação dos maquinistas, na altura com câmaras no cais”.
Hoje, “com as necessidades de segurança dos clientes e a evolução do serviço público que presta à cidade de Lisboa, o Metro beneficia de CCTV também para controlo e prevenção de diversas situações como, por exemplo, controlo de multidões e prevenção de crimes”.
Na área logística, nomeadamente de um operador logístico que manipula diariamente milhares de paletes de mercadorias, de diferentes valores e tipologias, o CCTV é um importante mecanismo de controlo de operações e da sua segurança.
À Security Magazine, Sérgio Gonçalves, Security & Safety Manager da Logista Portugal, um dos mais importantes operadores logísticos no mercado ibérico, explica que o sistema de CCTV “tem sido uma ferramenta fundamental ao longo dos anos, pois tem-nos permitido dar mais segurança às pessoas, instalações e processos”. A empresa conta com várias delegações no país, sendo que através do CCTV pode “controlar o que se passa nos locais em termos de protecção de pessoas e bens”.
Um aliado do negócio
Além da parte da segurança, o CCTV pode ser um aliado do próprio negócio. Através do CCTV, a Logista Portugal pode, por exemplo, verificar rapidamente “como a mercadoria foi preparada e fazer o seguimento e acompanhamento das preparações e do estado em que saiu dos armazéns”. O processo “permite dar total transparência aos clientes e fornecedores”. Além disso, a empresa consegue “demonstrar claramente as quantidades que chegam e o estado das mercadorias e tem permitido salvaguardar todas as partes envolvidas, pois conseguimos verificar as dúvidas que possam existir”.
O sistema tem sido bem acolhido dentro da organização. “Pelo feedback que recebemos, quer dos trabalhadores da Logista, quer dos clientes e fornecedores, as pessoas sentem-se mais seguras e salvaguardadas a desenvolver a sua actividade, tendo a certeza de que podem clarificar dúvidas que possam surgir”, diz o responsável.
“Como temos alguns clientes e fornecedores que também têm este tipo de sistemas, muitas vezes, conseguimos, em conjunto, perceber onde determinadas situações podem acontecer”. Segundo Sérgio Gonçalves, “pela nossa experiência, percebemos que, além deste sistema dar mais segurança, tem um efeito dissuasor, fazendo com que quem é menos bem-intencionado, recue nas suas intenções ou, pelo menos, reflicta muito bem antes de concretizar alguma acção”.
A empresa aposta bastante na cobertura das linhas de picking (preparação de encomendas), havendo diversas câmaras que ajudam a seguir a mercadoria a todo o momento, podendo-se verificar onde a mesma se encontra, em que estado se encontra e qual o destino. “O CCTV tem-nos ajudado a optimizar as operações, principalmente nos armazéns regionais”.
A área do retalho tem também uma dinâmica muito própria, com milhares de pessoas a movimentarem-se diariamente por grandes superfícies. Nesta área, o CCTV surge também como um aliado do próprio negócio, podendo inclusivamente fornecer outras métricas, que auxiliam a estratégia de vendas. Um ponto essencial é a não perturbação da experiência de compra do cliente final.
A Makro Portugal, pela natureza do seu negócio, “tem de cumprir a legislação em vigor, nomeadamente, a Lei n.º 34/2013, de 16 de Maio, alterada pela Lei n.º 46/2019 de 8 de Julho que estabelece o regime de exercício da actividade de segurança privada, e que obriga, como medida de segurança, a ter instalado um sistema de videovigilância”, esclarece o seu director de segurança, José António Meneses.
Como indica, “se atentarmos aos efeitos dos pontos de vista da prevenção e detecção de crimes e ao valor das imagens como prova em processo criminal, a importância e as mais-valias, são de elevada relevância”. Assim, a videovigilância é “utilizada como mais uma ferramenta ao dispor e funciona em complementaridade com outras ferramentas existentes, incluindo meios humanos”. A sua utilização “tem que ser explorada de forma integrada e dimensionada à situação real do negócio”.
Na IKEA, a realidade é semelhante. “A segurança dos nossos clientes é a nossa principal prioridade, e os sistemas de videovigilância são hoje críticos para a actividade de segurança em qualquer empresa de retalho”, aponta Joaquim César, country safety and security leader da empresa. Assim, “a utilização de CCTV, além do aspecto de dissuasão de ilícitos, permite monitorizar áreas de risco e facilitar a coordenação entre diferentes sistemas de segurança, como incêndio e intrusão”. Como aponta, “graças a este tipo de ferramenta, garantimos o controlo remoto sobre diversas áreas, o que, conjugado com outros sistemas de segurança, facilita a optimização dos meios humanos (vigilância estática)”.
Pedro Mendonça, safety and security manager da Mundicenter, da qual faz parte, por exemplo, o Amoreiras Shopping, considera que “num centro comercial, a importância e mais-valias de apostar num sistema de CCTV são elevadas”. Entre as várias vantagens encontradas ao instalar esta solução, estão “o factor preventivo e dissuasor”. Como afirma “face ao número de visitantes que temos nos nossos centros, este é um custo que a empresa assume como necessário e obrigatório para assegurar o bom funcionamento das instalações e o bem-estar e segurança dos colaboradores, clientes e fornecedores”.
Além das mais-valias conhecidas, como prevenção, dissuasão, entre outras, enfatiza outras que também realizam com o suporte do CCTV e que permitem “analisar diversas situações que ocorrem diariamente”. Noutras circunstâncias, permite “avaliar as necessidades e, por fim, como reagir, permitindo a tomada de decisão mais acertada, perante a situação que esteja a ocorrer”. Como sublinha, “um sistema de CCTV, tem sempre de manter uma componente humana, que cada vez se quer mais especializada, nomeadamente nos operadores de central”.
À semelhança do retalho, no sector hoteleiro, a segurança é também levada muito a sério. Marcelo Monteiro, security senior manager e director de segurança do grupo Pestana, um dos mais importantes grupos hoteleiros do país, com hotéis em diversas partes do mundo, explica que “a implementação de um sistema CCTV na operação hoteleira deve ser considerada de extrema importância, oferecendo vantagens e mais-valias muito significativas, com principal destaque para o impacto no sentimento de segurança que proporciona aos hóspedes; o factor de dissuasão que contribui para a prevenção de crimes; e a capacidade de resposta rápida a incidentes e de recolha de evidências sobre as suas causas”. Além disso, diz, “pode ser utilizado para recolha de informação operacional que permita analisar aspectos ou processos específicos da operação e melhorar os mesmos de forma a optimizar meios e recursos, contribuindo para melhorar a experiência do cliente”.
Uma imagem vale mais que mil palavras
Hoje o Metropolitano de Lisboa conta com “uma rede composta por mais de 2800 câmaras, maioritariamente analógicas, instaladas nas estações e distribuídas por áreas públicas e técnicas e também pelo interior dos comboios”. Recentemente, a empresa “procedeu à substituição do sistema VMS (Video Management System) e, paralelamente, encontra-se a instalar câmaras que, através de IA, detectam todo o tipo de intrusões nos túneis”. Além disso, está a modernizar o CCTV no interior dos comboios, instalando uma câmara junto de cada porta de passageiros.
Quanto a equipamentos, a Logista tem diversas tipologias de câmaras, muitas de última geração, ligadas a um sistema que permite fazer toda a gestão e operação dos equipamentos. “Temos um parque grande de câmaras e investimos regularmente na modernização deste sistema. Apostamos na renovação regular do sistema de gravação, com novos gravadores e tecnologias. Temos sistemas redundantes de gravação que permitem preservar imagens em caso de falha de equipamentos”. Como diz Sérgio Gonçalves, “tentamos estar sempre actualizados no que respeita às tecnologias mais recentes, sendo a segurança uma área em que a Logista tem apostado de forma consistente ao longo dos anos”.
A empresa tem mais projectos previstos ao nível da modernização do sistema. “Estes investimentos são sempre pensados em conjunto com os negócios, sendo feita uma análise económica em que estudamos as vantagens que os negócios terão ao fazer estas mudanças”. Como acrescenta, “temo-nos apercebido que os sistemas de segurança no seu todo, têm dado um excelente contributo para o desenvolvimento de todos os negócios e para o fortalecimento da própria segurança”.
A empresa continuará “a investir e apostar no CCTV”, uma vez que se tem “revelado uma ferramenta fundamental e indispensável para as nossas actividades e permitido, entre outras soluções, aproximar a segurança dos negócios, formando uma parceria e aliança estratégica com resultados visíveis e mensuráveis”.
“Apostamos em diferentes tecnologias, tipos de câmaras e gravadores com a melhor tecnologia e, sobretudo, com altos níveis de cibersegurança”. Tudo depende do que a empresa pretende nos diferentes projectos e empresas do grupo. Através desta aprendizagem e experiência “já aplicamos algumas soluções que resultaram num negócio, a outros negócios”.
Mais soluções
“É muito positivo ver que todos os fabricantes estão a aplicar-se fortemente no desenvolvimento de várias tecnologias que permitem aos clientes terem um leque de escolhas enorme e adaptável a cada sector de actividade, desde a tipologia de câmara (fisheye, PTZ, bullet, minidome, multisensor, com diversas lentes, com áudio, com comunicação bidireccional, PTZ com várias câmaras fixas incorporadas, diferentes combinações de lentes, várias opções em termos de capacidade, com gravação interna na câmara, com compressão, com IV ou lightfinder, etc.) ao tipo de compressão de imagem que pode permitir uma grande poupança em espaço e capacidade de discos e no próprio orçamento”, sublinha Sérgio Gonçalves.
“São tantas as opções, que a tecnologia, hoje, não tem nada a ver com o que era há dois ou três anos e continuará a crescer e a desenvolver novas soluções”. Na Logista, “estamos e estaremos sempre atentos ao desenvolvimento e crescimento da tecnologia, nomeadamente no que respeita à IA, analítica, internet das coisas (IoT), etc., e vamos tentando acompanhar este novo mundo de soluções, adaptando, obviamente, à nossa realidade, sem entrar em histerias. Tentamos ponderar bem os caminhos que seguimos e investir com rigor e coerência”, refere.
Cada vez mais tecnologia
Na Makro “os sistemas são cada vez mais tecnológicos e estão em permanente actualização, o que faz com que muitas das vezes a simples substituição de um sistema por outro mais avançado, obrigue à reformulação de toda a segurança do espaço por incompatibilidades entre sistemas”. Assim, a empresa estima que “o custo em sistemas de CCTV seja entre os 30 e 35% do valor total investido em equipamentos na área da segurança”.
Ao longo dos últimos dois anos, “os sistemas de videovigilância foram substituídos em todas as lojas do país, instalando gravadores com maior capacidade e sistemas mais modernos e com mais funcionalidade, nomeadamente a contagem de pessoas, que proporciona um controlo mais efectivo”, avança o responsável pela segurança da empresa em Portugal. “O investimento, que já tem vindo a ser feito na capacidade e qualidade das câmaras, é para continuar de modo que possamos ter sistemas cada vez mais eficazes”, refere José António Meneses.
Contínuo investimento
No IKEA, todas as instalações “estão equipadas com sistemas de videovigilância que temos o cuidado de manter actualizados, tanto no que diz respeito ao tempo de vida útil dos equipamentos como às actualizações de software e firmwares”. Como aponta o Joaquim César, “trabalhamos com os mais variados tipos de câmaras, que nos permitem tomar partido de todas capacidades analíticas que o sistema suporta”.
A empresa investiu recentemente “na remotização total dos sistemas de segurança em todas as unidades de retalho”.
Durante o próximo ano fiscal, investirá “na actualização de hardware existente em algumas unidades”, avança. Além disso, acrescenta que a empresa tem previsto “alguns investimentos para ampliar de forma considerável a cobertura CCTV, numa perspectiva de prevenção e detecção de ilícitos e segurança contra incêndios”. E, por fim, está a “avaliar também as tecnologias de IA disponíveis no mercado e a sua adequabilidade ao nosso modelo de negócio”.
No que diz respeito à área de segurança contra incêndios, “começámos este ano a testar as capacidades da sinalização de evacuação dinâmica”, destaca.
Analítica Presente
A Mundicenter tem os mais variados tipos de activo, “estando implementados os mais diversos tipos de câmaras (interior e exterior) e com as mais diferentes capacidades (bullet, dome, fisheye)”. De referir que a maioria dos seus sistemas tem analítica instalada, que “permite um nível de reconhecimento de alguma alteração, do estado normal dos activos”. Com esta faculdade, “conseguimos criar linhas virtuais e ROI’s-Region of Interest, onde se os espaços delimitados forem «invadidos», o próprio sistema faz com que a câmara em questão tenha prioridade perante as demais, fazendo com que o operador da central inicie de imediato os procedimentos convencionados”, comenta Pedro Mendonça.
“Além de sermos abrangidos pela Lei da Segurança Privada, em muitos dos nossos activos, o que nos obriga a investimentos para os cumprimentos da legislação em vigor, temos investimentos previstos sempre que remodelamos os nossos activos, ou quando o próprio sistema CCTV de apresenta sinais dessa necessidade”. O último investimento num sistema de CCTV completamente novo, foi no Centro Comercial Oeiras
Parque, “em virtude da expansão do activo”. Importa referir, que “nos outros activos, foram realizados investimentos pontuais, desde o início do ano”.
Capacidades evolutivas
O grupo Pestana conta actualmente com sistemas de videovigilância com câmaras de alta resolução e características adequadas ao objecto que pretende controlar. Marcelo Monteiro dá como exemplo as câmaras específicas para identificação de matrículas nos pontos de acesso de viaturas; câmaras com capacidades analíticas para locais de acesso restrito ou locais que apresentem um risco mais elevado; câmaras de boa capacidade / resolução de imagem e câmaras com capacidades de visão nocturna.
O responsável diz que a empresa aposta regularmente na modernização desta tipologia de sistemas. “Apostamos em ter um sistema que tenha capacidades evolutivas para que, à medida que a tecnologia avance, possamos efectuar upgrades que nos tragam mais valências e velocidade de resposta”. Assim, nos últimos dois anos, “foi efectuada uma aposta forte em actualizar todo o sistema existente”. Além disso, “foi renovada toda a infra-estrutura de rede, cablagem, câmaras e sistemas de gravação”.
Importância da IA
A IA é apontada como o grande desenvolvimento ao nível dos equipamentos de videovigilância. Neste âmbito, o Metropolitano de Lisboa aderiu, em 2021, ao projecto europeu Prevent PCP (mais informação no site da Security Magazine). No domínio deste projecto “está a ser desenvolvido um algoritmo de IA para detectar objectos abandonados nas estações, através do uso de câmaras de CCTV, informando directamente a central de segurança”. Este projecto inclui “um conjunto de iniciativas, entre as quais uma demonstração na rede do Metropolitano de Lisboa, prevista para o início de 2024”. Segundo o CA do Metropolitano de Lisboa, “com este projecto prevê-se, igualmente, proceder à actualização de algumas câmaras analógicas”.
Para o CA do Metropolitano de Lisboa, “a inovação aliada à capacidade de implementar múltiplos programas de detecção, num só equipamento, como por exemplo uma câmara, vai desempenhar um papel fundamental no apoio às necessidades de segurança”.
Além disso, “a combinação de CCTV e IA vai permitir tornar mais eficiente uma série de pontos inteligentes nas redes de transportes, uma vez que uma câmara consegue cobrir mais espaço e reportar actividades fora do normal, em tempo real, permitindo tomar decisões informadas em prol dos clientes e do serviço”.
Como aponta, o projecto PREVENT PCP “tem revelado, na Europa, uma excelente capacidade de desenvolvimento de soluções de auto-aprendizagem e detecção de objectos / pessoas ou vectores em ambientes de multidões”. Algo que “para o serviço público de transporte traz benefícios”.
Mais qualidade de serviço
“O grande avanço tecnológico no CCTV serão sistemas com apoio de IA”, sublinha também Pedro Mendoça. “Esta tecnologia vai permitir uma qualidade de serviço muito superior, ao existente actualmente”.
A IA, diz, “não actua como uma entidade autónoma, servindo para complementar o trabalho das equipas de vigilância existentes, alertando-as sobre eventos e condições que precisam ser avaliadas”.
“O grande diferencial está na sua capacidade de analisar milhares de imagens vídeo em tempo real. Isso é fundamental para sua aplicabilidade num sistema integrado de segurança”.
Nas câmaras com IA, “os algoritmos da máquina aprendem quase da mesma maneira que nós, reconhecendo padrões. Se o algoritmo vê o suficiente de uma coisa específica várias vezes, digamos um carro, ele começa a reconhecê-la de forma independente”, refere Pedro Mendonça.
Um sistema de CCTV que conta com IA integrada “é capaz de analisar o ambiente e utilizar a capacidade de aprendizagem da «máquina» para compreender a sua rotina, reconhecer situações atípicas e alertar imediatamente os operadores da central, que desincumbidos das tarefas rotineiras, agora executadas pelo sistema de IA, podem dedicar-se à solução de eventos e problema críticos”.
Com foco no que é essencial, “o operador toma decisões mais precisas e confiáveis, e o risco de falha humana diminui consideravelmente”. Para além destas vantagens para o operador de central, “ainda podemos acrescentar mais algumas faculdades ao sistema como a possibilidade de detectar atitudes suspeitas, actos de violência, detecção de quedas e contagem de pessoas”. Para finalizar, “transmitir que trabalhamos diariamente para encontrar as melhores soluções para os nossos clientes, através da inovação/tecnologia”.
Inovação e tecnologia
“Sem dúvida que a inovação e a tecnologia desempenham um papel importante na área da segurança”, diz Sérgio Gonçalves. Em termos de soluções tecnológicas que considera fundamentais, destaca que depende do tipo de projecto que está a ser desenvolvido, negócio com essa necessidade, nível de segurança pretendido, análise de risco, análise financeira, etc.
Como afirma, “habitualmente, procuramos soluções de boa qualidade e de acordo com a especificidade do projecto”. Neste sentido, adaptamo as soluções aos projectos.
“Não inovamos por inovar, nem compramos por comprar ou porque é uma tendência que todos querem seguir. Procuramos testar soluções; pensar no que pode ser-nos útil; e, acima de tudo, ver se temos capacidade humana para implementar as soluções”. Para o responsável, “não adianta querer implementar um sistema muito avançado, que exige muitas horas de desenvolvimento, se não tivermos meios humanos dedicados para fazê-lo e se o investimento feito não trouxer realmente uma mais-valia significativa”.
Além disso, a empresa procura “preparar o caminho para o futuro, optando por soluções que não fiquem paradas no tempo e não permitam continuar a ser desenvolvidas e melhoradas”. Muitas vezes, e ultimamente com muita frequência, “os negócios pedem-nos uma solução com determinada finalidade. Ao invés de avançarmos logo com as soluções que já temos e pensamos que não são as mais adequadas para esse projecto, consultamos os fabricantes e lançamos o desafio, para podermos testar soluções disponíveis e, no final, compararmos e decidirmos qual a solução que melhor se adequa aquela necessidade específica”.
Com esta aposta, diz, “temos tido muito sucesso, embora, por vezes, tenhamos alguns momentos de frustração em que as coisas não saem como queremos. Contudo, com essa aprendizagem, acabamos por encontrar soluções que servem os nossos interesses”. Este aspecto “é interessante pois dá-nos uma energia extra para não desistirmos e, muitas vezes, acabamos por encontrar uma solução ainda melhor do que aquela que tínhamos idealizado”. Como sublinha, “sem correr o risco de cometer erros e sem cometê-los, não se alcança a excelência”.
Uma grande evolução
Segundo José António Meneses, “tem havido uma grande evolução ao longo dos últimos anos em sistemas de Internet das Coisas (IoT), de forma a impulsionar a experiência de compra oferecida e alavancar a visibilidade sobre a cadeia de abastecimento”.
Estes sistemas, segundo indica, “baseiam-se sobretudo em analítica e modelos preditivos que permitem personalizar o serviço prestado, como por exemplo identificar o consumidor quando entra num espaço comercial, podendo “customizar” a sua a visita”.
Como acrescenta, “através de sistemas de localização, embutidos em prateleiras, entre outros dispositivos, o retalhista pode ir ao encontro das necessidades do consumidor em loja, no preciso momento em que estas surgem, seja por via mobile – enviando sugestões e ofertas para o smartphone que o cliente carrega no bolso – seja através de um colaborador – o qual recebe alertas no tablet ou outro dispositivo que tem em mãos”.
Quanto ao futuro, o responsável sublinha que “seria interessante desenvolver tecnologia similar adaptada às necessidades na vertente da segurança, e não menos importante, que a legislação acompanhasse esta evolução, no que diz respeito, por exemplo, à identificação de pessoas através do reconhecimento facial por câmaras de CCTV”.
Mínimo impacto na experiência de compra
Sobre as soluções tecnológicas que considera fundamentais numa estratégia de segurança na área de actividade da sua organização, Joaquim César destaca “a remotização de sistemas de segurança em centrais de segurança e em plataformas digitais integradoras, numa perspectiva de simplificação e optimização de recursos”. Além disso, destaca também “a utilização exaustiva de analíticas e IA em sistemas de videovigilância numa perspectiva mais operacional”.
Segundo sublinha, “todas as tecnologias que permitem que a actividade da segurança no retalho decorra com impacto mínimo na experiência de compra do cliente, devem ser consideradas uma prioridade”. E aqui reforça que “o potencial da IA integrada nos sistemas CCTV tem um papel importante”. Em outras áreas da actividade de segurança mais relacionadas com a segurança das pessoas, “ter sistemas de segurança contra incêndios permanentemente actualizados é critico, e embora aqui a evolução dos sistemas nos últimos 10 anos tenha sido mais demorada é uma área em que importa investir na modernização e manutenção”, conclui.
Factor humano é essencial
Marcelo Monteiro salienta que “as soluções tecnológicas desempenham e vão desempenhar cada vez mais um papel crucial na estratégia de segurança hoteleira”. Neste sentido, além dos sistemas de CCTV, considera como fundamentais sistemas como “controlo de acesso para garantir que apenas hóspedes autorizados e funcionários têm acesso a áreas restritas do hotel (quartos, áreas administrativas, infra-estrutura crítica e depósitos de géneros e bens; sistema de gestão de chaves para monitorização da distribuição e utilização de chaves utilizadas na operação (clientes e serviços interno); detecção de intrusão para identificar actividades suspeitas ou tentativas de entrada não autorizada em áreas sensíveis e sistemas críticos do hotel; sistemas SADI para garantir a segurança dos hóspedes, colaboradores e instalações em caso de emergências; sistema de alarme de emergência centralizado de forma a facilitar a recepção, interpretação de todos os sistemas de segurança existentes de forma a auxiliar a comunicação rápida e eficiente entre a equipa de segurança e todos os funcionários em caso de incidentes ou emergência; e sistemas de cibersegurança, os quais são cada vez mais vitais, uma vez que muitos sistemas de segurança dependem da sua conectividade online.
“Desta forma, torna-se necessário reconhecer a importância destes para proteger os sistemas informáticos do hotel contra ataques cibernéticos, minimizando potenciais impactos que podem, inclusive, por em causa a continuidade do negócio”, refere Marcelo Monteiro.
No entanto, sublinha que apesar de toda a importância dos sistemas mencionados, “não podemos esquecer que o factor humano é igualmente essencial”. Assim, “é também fundamental apostar na formação dos colaboradores, garantindo que a equipa é conhecedora dos procedimentos de segurança, está devidamente treinada e consciente das acções a desempenhar, demonstrando conhecimento e rapidez, necessárias para responder aos incidentes e riscos inerentes da operação hoteleira”.
Além disso, conclui, “a combinação das soluções tecnológicas com uma abordagem pró-activa de formação e treino das equipas, contribui para fortalecer significativamente a cultura de segurança de toda a operação, proporcionando tranquilidade e confiança, tanto para colaboradores, como para hóspedes”.•