Se analisarmos de imediato se existe alguma diferença entre “ver” e “olhar”, certamente iremos dizer que não, ou seja, ver e olhar são sinónimos. Porém, mesmo sendo sinónimos, na prática existe diferença entre ver e olhar.
Quando vemos sem olhar com atenção, não existe reflexão e nem análise, é algo frio e sem interesse. Ver é identificar algo ou alguém de imediato, não estimula a experiência e vivência, e também não resulta uma ação e nem atitudes, é, portanto, indiferente.
Quando realmente olhamos, esse olhar vem com um genuíno interesse, é lento, analítico, traz sentimento e sensibilidade, requer atenção, olhar os detalhes, observar com cuidado. Olhar é ponderação, exige dedicação e profundidade interior.
Ver é longe e olhar é perto!
Precisamos aprender a olhar melhor tudo o que nos rodeia, interpretar e interessarmo-nos por algo ou alguém com genuíno interesse. Admirar a natureza, a arte, a música, o belo, em tudo tem uma mensagem, cabe a nós interpretarmos com olhar curioso e vontade de aprender com os ensinamentos da vida.
Procurar comunicar-se com o universo por todos os caminhos, o que a vida quer dizer-lhe. Não é porque está a passar por isso, mas sim, para que é que está a passar por isso. A resposta sempre vem depois do acontecimento e quer dizer-nos algo. Fique atento ao seu olhar, à sua interpretação.
Esse poema de Guimarães Rosa diz muito:
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Guimarães Rosa
É interessante como todos vemos o mesmo filme, mas a interpretação do filme vai depender do olhar de cada um.
Vemos muito e olhamos pouco, assim como ouvimos muito, mas escutamos pouco, sem escuta ativa. Quando olharmos algo ou alguém, devemos desapegarmo-nos dos preconceitos, das crenças limitantes, críticas e julgamentos, mudar o mindset.
É muito comum quando ouvimos o outro a falar de alguma situação e logo iniciamos a falar da nossa situação, como se a nossa história fosse mais importante do que a do outro, exemplo: vê o seu amigo, mas está a olhar para o seu amigo?
Modelo de ouvir realmente um amigo:
Ele diz: “Ontem senti uma dor de cabeça”
Ter interesse pelo que o amigo está dizendo e perguntar:
Como foi a dor? Tem sido frequente essa dor? Já foi ao médico?
Modelo de ver um amigo e não ouvi-lo:
A pessoa além de não ter a escuta ativa ainda começa a falar da sua própria dor:
Diz: “Tenho sentido muita dor de cabeça também, a minha é do lado direito, é muito mais forte …”
Quando pensa que as suas verdades são verdades absolutas, está na hora de parar e refletir a respeito das suas opiniões. Como costuma conversar com as pessoas? Só você fala ou também tem uma escuta ativa? Realmente ouve o que as pessoas falam e se interessa pelo que elas estão a falar? Precisa de empatia, colocar-se no lugar do outro, não é o dono da verdade!
A percepção que tem de si próprio irá influenciar os seus pensamentos e, consequentemente, o seu comportamento: “Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são” (Carl Gustav Jung).
Da mesma forma que se olha, irá olhar o mundo e consequentemente interpreta que o mundo olha para si da mesma forma, ou seja, é espelho e reflexo. Quando muda, tudo muda a sua volta, pois a forma de olhar o mundo muda.
O modo como olha e interpreta as situações determina como irá agir. Assim sendo, as atitudes dão lugar a consequências positivas, neutras ou negativas.
Com a ajuda de um psicólogo é possível identificar os gatilhos, as experiências e os pensamentos que provocam algum trauma, tais como o medo, a depressão, a ansiedade, a insegurança, o que conduz a identificar e a encarar de frente as diferentes emoções e sentimentos que podem conduzir à cura.
O objetivo da terapia é identificar padrões de comportamento e pensamentos, crenças e hábitos que estão na origem do problema, ajuda a ampliar a consciência através da fala, da expressão verbal, os problemas diluem, a mente fica limpa e organizada. Assim, começa a olhar-se e olhar o mundo de uma forma mais leve e saudável.
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