É na zona histórica de Gaia, no Norte do país, que se encontra o World of Wine (WOW). Inaugurado em 2020, com um investimento de mais de 100 milhões de euros, o WOW assume-se como um quarteirão cultural que reúne, numa área de 55.000m2, uma oferta variada de experiências, serviços e animação turística. O vinho é o elemento central e unificador que convida o visitante a embarcar numa viagem através de vários museus, espaços dedicados a experiências culturais, zonas de restauração, lazer e comércio. O projecto de segurança do espaço foi eleito pelos leitores da Security Magazine como o “Melhor Projecto de Segurança Electrónica 2021”. Com o Douro como pano de fundo, Duarte Almas, facilities director do WOW, esteve à conversa com a Security Magazine a propósito dos desafios e da importância da segurança num espaço com estas características.
Securty Magazine – Como nasceu todo este projecto do World of Wine?
Duarte Almas – Nasceu da vontade de dar uma nova vida a antigos armazéns de vinho do Porto no centro histórico de Gaia e com a missão de reforçar a oferta cultural e museológica da cidade, enaltecendo o potencial da região em áreas estratégicas como o vinho, a indústria e o património. Nasceu ainda da ambição de aumentar a capacidade de atração turística numa lógica de sustentabilidade, de forma a prolongar o número médio de noites dormidas no norte do país. O projecto desenvolveu-se em três fases distintas. Os primeiros planos foram apresentados em 2015, a primeira pedra foi lançada em Janeiro de 2018 e a inauguração aconteceu em Julho de 2020.
Olhando para todo o cenário e paisagem envolvente e para o próprio conceito do espaço, associando-lhe todas as valências e tipologia, nomeadamente do visitante, como é que a segurança se adapta a tudo isto e que desafios enfrenta?
O nosso maior desafio foi a pandemia. Meses antes da data de abertura do WOW, apareceu a doença Covid-19 e, consequentemente, todos os confinamentos e restrições. No entanto, tirámos partido dessa situação, reorganizámos e reajustámos todas as nossas equipas. O nosso maior objectivo passou por garantir que as pessoas, quer visitantes, quer colaboradores, se sentissem confortáveis e seguras.
De resto, desde a abertura até agora, a segurança no WOW tem tido uma abordagem mais passiva e menos activa. Ou seja, temos a mais-valia de estarmos num dos países mais seguros do mundo e todos os elementos de segurança privilegiam uma atitude pedagógica, nomeadamente através da indicação de um local de uma exposição, restaurante ou museu, por exemplo. A verdade é que, sendo um quarteirão cultural com uma oferta diversificado e com muitos eventos, os visitantes recorrem com regularidade à equipa de segurança.
Porém, contam com todo um dispositivo de segurança electrónica que, apesar de não ter uma presença exaustiva, está cá…
Sim, contamos com todo um sistema de segurança que foi pensado desde a concepção do projecto e através do qual conseguimos ter uma infinidade de sistemas, nomeadamente câmaras de videovigilância, detectores de intrusão, detectores de movimento, entre outros, os quais nos permitem, através de uma central única, sermos mais eficientes em matéria de segurança.
Optámos por investir mais na parte técnica, nomeadamente Inteligência Artificial e Internet of Things (IoT). No WOW contamos com cerca de 300 câmaras de videovigilância, as quais nos permitem ter uma vista periférica 360º de todo o espaço. Porém, como referi, a nossa segurança é mais passiva e esse é o nosso entendimento, ou seja, sermos mais didácticos e menos intrusivos. Queremos que as pessoas entrem e se sintam em casa.
Contam com uma empresa de segurança subcontratada?
Sim, a empresa subcontratada é a Securitas. Todo o apoio na parte passiva foi dado pela Longo Plano que esteve presente na área da construção e que, agora, assegura toda a parte de manutenção.
Concretamente, que situações podem levantar mais preocupações aqui em termos de segurança?
Actualmente, a nossa maior preocupação é a prevenção, ou seja, procuramos sensibilizar colegas e colaboradores para as questões relacionadas com segurança. Esse tem sido o maior desafio: sensibilizar todos os que trabalham no espaço sobre a dimensão do WOW, os possíveis constrangimentos e como evitá-los.
Nesse sentido, os próprios colaboradores têm um papel muito importante na manutenção da segurança, mesmo não sendo, directamente da área?
Sim, todos os colaboradores têm um papel muito importante e sempre que identifiquem determinados movimentos dão o alerta à central ou à equipa de segurança, no sentido que esta possa actuar de forma rápida e fácil.
Com uma estrutura muito vasta e ampla, que integra muitos sistemas afectos a diferentes áreas, o que foi implementado concretamente em termos de segurança?
Temos implementado tudo o que é comum num edifício de menor dimensão, porém, aqui numa escala muito maior. Contamos com todos os sistemas de intrusão, detecção de incêndios, CCTV e controlo de acessos. A partir daqui, criamos toda a analítica necessária.
Na área da segurança, uma grande vantagem reside no facto de contarmos com o sistema Cosmo, que permite ter todo o sistema integrado numa única janela. Em vez de abrirmos quatro ou cinco janelas, temos uma página única com todo o WOW. Conseguimos, por exemplo, fazer todo o controlo de acessos, nomeadamente, saber quando uma porta se abriu, quem entrou e a que horas, podendo ser acompanhada por uma imagem, no momento exato, ou gravação de 10 segundos antes e depois de a pessoa entrar e sair.
Ao nível do controlo de acessos, em determinadas áreas críticas apenas algumas pessoas têm permissão de acesso.
Gostaria de salientar que, a pedido da administração, não temos sirenes. Em caso de uma situação de evacuação, o WOW conta com um sistema de alarme de voz, ou seja, todas as colunas têm duplo sentido, podendo ser usadas para som ambiente do espaço ou para mensagens de evacuação, dadas em português, alemão e inglês. Além disso, todos os elementos do WOW têm formação de incêndio, contamos com equipas de emergência, primeiros socorros e DAE e todos sabem muito bem qual a sua função numa situação de evacuação.
Como vê o futuro do WoW, nomeadamente que investimentos estão contemplados em termos de segurança?
Nesta empresa, nada está finalizado. Tudo é estruturado e temos sempre novos desafios. Acreditamos que o potencial do quarteirão cultural não ficará por aqui. Em termos de segurança, esta vai acompanhando o nosso crescimento. Queremos estar alinhados com a vanguarda e, se possível, termos muito mais por muito menos, mantendo sempre a nossa responsabilidade social. Iremos acompanhando esta evolução conforme os próprios desafios que as empresas de segurança nos vão lançando. No fundo, procuramos perceber de que forma conseguimos aliar toda a evolução, mantendo o foco no conforto do cliente. O equipamento que temos instalado está num patamar alto, que nos permite realizar uma série de actualizações, em que com pouco conseguimos fazer muito.
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