A segurança está na linha da frente do Rock in Rio. Nos dias 18, 19, 25 e 26 de Junho passaram pelos 200.000m2 do parque da Bela Vista, em Lisboa, milhares de espectadores, elementos do staff, parceiros e artistas, tornando este um dos maiores festivais de música do mundo. A Prosegur desenvolveu e implementou o plano de segurança de mais uma edição, com um dispositivo que junta a vertente humana e tecnológica. A Security Magazine esteve à conversa com Luís Eduardo Baptista, director-geral da área de vigilância da Prosegur, no penúltimo dia do evento.
Quem passou pelo Rock in Rio este ano certamente foi abordado à entrada pelo Yellow. O cão robot com Inteligência Artificial juntou-se à equipa da Prosegur que, ao longo do evento, assegurou que tudo corria dentro da normalidade e sem incidentes, numa operação centralizada num Security Operations Center (SOC).
Esta é a oitava edição em que a empresa de segurança está envolvida em Portugal. “A Prosegur tem uma parceria com a Better World, entidade que gere o Rock in Rio, desde 2006, o que lhe permite ter um grande conhecimento, quer das pessoas, quer da operação”, diz Luís Eduardo Baptista, que está na Prosegur há 21 e abraçou a área de vigilância em Janeiro de 2020, sendo esta a primeira edição do evento em que está directamente envolvido.
Apesar do conhecimento acumulado após várias edições, a preparação de um evento desta envergadura é essencial e “começa muito tempo antes da sua realização”. Do ponto de vista físico, a operação arrancou em Abril, ainda com o parque da Bela Vista aberto ao público, o qual encerrou a 3 de Junho. Na opinião de Luís Eduardo Baptista esta situação coloca desafios acrescidos à segurança. “O Rock in Rio decorre num parque público, aberto a cidadãos, que o utilizam com uma regularidade diária”, diz. O grande desafio reside em garantir a segurança do staff e de todos os equipamentos e materiais que são introduzidos no recinto durante este período. “É uma responsabilidade acrescida, que nos leva a estar permanentemente nas portas de entrada, controlo de acessos e zonas de maior volume de montagens”.
Já durante o evento, as situações que merecem maior atenção por parte da segurança residem nas tentativas de intrusão no espaço. Por essa razão, o dispositivo conta com câmaras de videovigilância que monitorizam permanentemente o perímetro. Como destaca, “queremos que a segurança seja amigável e trabalhamos muito na prevenção e antecipação”.
A operação de segurança conta com uma equipa liderada por um coordenador de segurança e dez supervisores que coordenam mais de 400 vigilantes responsáveis pelo controlo de acessos ao local, protecção de parques de estacionamento, perímetro, backstage e palcos, bem como todo o local onde decorre o evento e stands de promotores e patrocinadores. Em todas as entradas existe um controlo de verificação de bilhetes e, posteriormente, um controlo de entradas. Importa salientar que do ponto de vista da vigilância humana, a empresa dá apoio nas revistas à entrada do evento, porém esse processo é realizado por elementos da PSP.
Toda a operação é gerida centralmente pelo SOC, o qual tem vindo a crescer ano após ano. “O SOC começou como uma unidade móvel de menor dimensão e nos últimos três eventos tem tido uma vertente maior”, explica. Hoje, “tem uma função de polivalência, monitorizando 25 câmaras de videovigilância (nomeadamente térmicas) existentes no espaço e, simultaneamente, respondendo a outras ocorrências. No seu interior estão elementos do comando central da PSP, divisão de trânsito, protecção civil da autarquia, bombeiros e as unidades da Lusíadas Saúde que dão resposta a emergências no evento”. Luís Eduardo Baptista considera que “é essencial esta parceria entre todas as entidades”, isto porque, “gerir tudo de forma isolada seria muito complicado”. Neste sentido, “ter alguém do ponto de vista central que acompanha e obtém a informação em detalhe e que depois a reporta às autoridades e entidades competentes é um aspecto muito relevante nesta operação”. Com este dispositivo é possível “garantir que a capacidade de decisão é efectiva à medida que surgem possíveis situações”. Como complementa, “fazemos a nossa própria segurança e apoiamos as forças de segurança, ou seja, trabalhamos todos em parceria”.
O dispositivo de segurança deste ano contou ainda com o Yellow, um robot com aspecto de cão que se passeou pelo evento ao longo dos seus quatro dias. Apesar de ainda ser um protótipo, Luís Eduardo Baptista acredita que “nos próximos dois anos poderá ser um meio de complemento à vigilância humana”.
A utilização de novas tecnologias nas operações de vigilância é, por vezes, vista como uma ameaça ao sector, nomeadamente pela possível substituição de mão de obra por máquinas. Sobre este tema, o responsável da Prosegur sublinha que “a tecnologia na área da segurança tem de ser utilizada em conjunto para potenciar maior fiabilidade e qualidade das soluções”. Como acrescenta, “entendemos que na área da segurança, a vigilância humana tem o seu papel mas, no mundo tecnológico em que vivemos, entendemos que há tecnologias que podem aportar muito mais na área da segurança”. Neste sentido, acredita que equipamentos como o Yellow ou como os drones, por exemplo, devem ser usados em complementariedade. “As máquinas vêm complementar, dar mais fiabilidade e resiliência” às operações de segurança, refere. “A componente humana, complementada com uma máquina, tem uma maior capacidade de detecção e antecipação, bem como de garantia de respostas mais rápidas”.
O responsável acredita que a segurança “tem de vir integrada” e a tecnologia na área da segurança “tem de ser utilizada em conjunto com a vertente humana de forma a potenciar uma maior fiabilidade e qualidade das soluções. Esse é o nosso trabalho diário e, por isso, surgiu o Yellow”.
Para Gonçalo Morgado, director geral da Prosegur Security em Portugal, a segurança de um evento como o Rock in Rio exige estar sempre um passo à frente na protecção de pessoas, bens e instalações”. Para o efeito, “incorporamos as tecnologias mais avançadas nos nossos serviços e integramo-las nas nossas actividades graças ao nosso profundo conhecimento do sector da segurança”. O responsável sublinha a importância de um modelo de “segurança híbrida que integra pessoas – como uma prioridade – tecnologia e dados, gerindo de uma forma inteligente e eficaz todo o dispositivo”.
A parceria entre a Prosegur e o Rock in Rio tem-se mostrado um sucesso ao longo dos anos. Neste sentido, além da edição portuguesa, a empresa garante à três edições a segurança da edição brasileira no Rio de Janeiro.
Yellow: o cão robot O Yellow é ainda um protótipo e foi desenvolvido pela Boston Dynamics. É dotado de Inteligência Artificial e recebe e processa todos os eventos através da plataforma tecnológica GenzAI. Entre as suas capacidades destaca-se a analítica de vídeo e a detecção de elementos suspeitos. O Yellow “tem características muito interessantes do ponto de vista da robustez, consegue descer e subir escadas, não tem movimentos bruscos e pode ter diversas funcionalidades acrescidas, nomeadamente emissão de mensagens áudio, quer para o exterior, quer para o interior do SOC, câmaras e sensores que podem recolher informação, assim como toda a analítica de vídeo”, destaca o responsável. O Yellow pode incorporar uma grande variedade de sensores que permitem ainda a recolha de dados do seu ambiente, desde a temperatura (deteção de incêndios) até gases ou qualquer outro tipo de sensor. No Rock in Rio trabalhou de forma manual, comandado por uma consola. Porém, pode ter rotinas programadas em termos de horários e percursos, recolher imagens em determinado local ou realizar rondas, por exemplo. Neste evento teve como principal função a detecção de objectos perdidos e recolha de imagens, em complemento com as câmaras fixas instaladas.
A Security Magazine esteve no Rock in Rio a convite da Prosegur.
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