O projeto CardioLeather – Couro Inteligente para a Monitorização da Saúde, Bem-Estar e Segurança em Veículos Automóveis arrancou em Janeiro de 2022. Todos os copromotores estão alinhados na persecução das tarefas, num projecto que pretende desenvolver uma tecnologia que mitiga um dos maiores problemas societais – os acidentes rodoviários – que levam a mais de 1.35 milhões de fatalidades anualmente/globalmente.
O projecto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 892 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 605 mil euros.
“Os trabalhos englobam a engenharia de materiais e variados ensaios físico-químicos, a electrónica analógica e digital, o processamento dos sinais fisiológicos (em particular, o sinal cardíaco – eletrocardiográfico), e o desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial que permitam extrair de forma não intrusiva indicadores biométricos, do estado de saúde e do estado de vigília dos utilizadores”, explica o site “Compete2020.
André Ribeiro Lourenço, responsável do CardioLeather, refere que o projecto conta com um consórcio constituido pela CardioID, Universidade de Aveiro, Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, Couro Azul e IST, contando com o apoio do Compete2020.
Os acidentes rodoviários são considerados pela Organização Mundial de Saúde como um dos problemas globais de saúde pública. A grande maioria dos acidentes são causados por factores humanos como condução sob efeito de álcool, excesso de velocidade, condução distraída, ou a fadiga. De acordo com um estudo recentemente realizado pelo Observatório da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), só a fadiga é responsável por 20% dos acidentes rodoviários em Portugal.
A título ilustrativo, fabricantes automóveis já consideram implementar sistemas de monitorização do condutor, como o sistema ATTENTION ASSIST da Daimler Mercedes.
Estes sistemas baseiam-se em técnicas indirectas, usando parâmetros extraídos a partir do comportamento do veículo, como movimentos do volante, velocidade do veículo ou posição relativa do veículo em relação às faixas da estrada, que não aferem efectivamente o bem-estar e a capacidade de condução do condutor, possuindo uma grande margem de erro.
Tecnologias de monitorização humana, em particular de aspectos bio(fisiológicos)/comportamentais do motorista, como a monitorização da face/olhar ou sinal cardíaco, associadas a modelos de aprendizagem automática que preveem o desempenho em momentos diferentes, funcionando como sistema de assistência ao motorista, permitiriam uma avaliação mais realista.
O projecto CardioLeather pretende associar e melhorar a tecnologia de base a um conjunto de tecnologias inovadoras que permitem tornar o couro condutor, para dotar veículos de sistemas para monitorização não intrusiva de sinais fisiológicos, em particular do eletrocardiograma (ECG), para serem integrados nos sistemas de segurança e infotainment dos veículos a serem produzidos futuramente pela indústria automóvel.
A ideia do projecto centra-se na criação de um aparato tecnológico não intrusivo que permita a monitorização do condutor e dos factores humanos associados ao processo de condução, baseado em couros presentes no volante e no interior do veículo, e a determinação da sua identidade, levando à personalização automática do veículo, monitorização da fadiga e do estado de saúde do condutor, e melhoria da sua segurança e qualidade de vida.
Este sistema multifuncional permite emitir alertas de segurança (identificando condutores indevidos), de saúde (identificando várias patologias cardíacas) e de cansaço (identificando padrões que indicam degradação da capacidade de conduzir), permitindo alertar do ponto de vista pessoal (alguém próximo) e do ponto de vista profissional (o gestor de frota), diminuindo assim o risco de sinistros.
O projecto irá criar processos que permitam a funcionalização industrial de couros usados no interior do veículo, como o volante, apoios de assentos e interior do cockpit, a criação de métodos de monitorização robusta do ECG de um individuo, e a criação de um protótipo simulador que interligue estas duas componentes e permita validar a tecnologia desenvolvida.
Ao nível da multifuncionalidade dos materiais, os actuais componentes do interior automóvel em contato com a pele (como o volante, apoios de braço) não auferem características condutoras que permitam ser usados como elétrodos/sensores, sendo esta limitação um dos alvos deste projeto.
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 892 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 605 mil euros.
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