A próxima edição da feira SICUR, decorre de 22 a 25 de Fevereiro, em Madrid, Espanha. A edição deste ano conta com presença de 506 expositores directos de 21 países e a participação total de 1600 empresas representadas. A organização estima receber mais de 30.000 visitantes profissionais, naquela que é considerada uma das principais feiras de segurança da Europa. Num sector marcado pela forte inovação tecnológica, Maria Valcarce, directora da SICUR, em entrevista à Security Magazine, diz que a “SICUR é um reflexo da natureza inovadora do sector da segurança e todo o seu conteúdo está em conformidade com os avanços que estão a ser feitos a este respeito”. A par deste posicionamento serão várias as soluções com forte componente tecnológica apresentadas no evento. Desde o security, à segurança no trabalho, passando pela cibersegurança, bem como o segmento de emergência e incêndios, a edição deste ano conta com uma abordagem abrangente, tanto ao nível da área de exposição, como das diversas iniciativas, nomeadamente das sessões de conferências e do espaço inovação. Numa feira de segurança, esta é um aspecto que não pode, de facto, faltar. A pensar na segurança de todos os visitantes e expositores, a organização implementou uma série de iniciativas e protocolos focados na resposta à pandemia, tornando este um ambiente seguro.
Security Magazine – A última edição da SICUR teve lugar alguns dias antes de a Europa, especificamente países como Portugal e Espanha, ter entrado em isolamento. Apesar de todos os desafios que a pandemia trouxe ao mercado, como é que a organização SICUR se preparou para enfrentar estes desafios?
Maria Valcarce – A SICUR 2020 foi a última grande feira comercial realizada antes da pandemia, organizada normalmente. Em Março, no meio do confinamento global, quando cessou a actividade da feira presencial, tivemos de implementar novos mecanismos na IFEMA MADRID, incluindo as plataformas LiveConnect, que nos permitiram realizar alguns eventos em formato híbrido (digital + presencial), e que estreámos nesse mesmo ano com uma edição especial da SICUR COVID, realizada entre Julho e Setembro de 2020, e muito alinhada em conteúdos com a procura de soluções de segurança exigidas pela crise sanitária.
Por outro lado, a natureza bienal da SICUR permitiu-nos continuar a trabalhar nesta edição de 2022 com uma certa margem de tempo. E, embora não tenha estado livre de incertezas, derivadas das diferentes ondas da pandemia, vamos finalmente realizar uma edição forte e altamente representativa em todos os seus segmentos, que reflectirá o antes e o depois da pandemia, graças ao apoio de empresas líderes e de todas as Associações Sectoriais que representam o fornecimento e os utilizadores da segurança, cujo apoio e aconselhamento sempre foram fundamentais na organização da SICUR.
Em termos de medidas no local, que medidas implementou a organização no âmbito do Covid-19? Será uma edição segura, em todos os aspectos?
Desde Março de 2021 na IFEMA MADRID temos vindo a realizar com sucesso feiras comerciais presenciais, uma vez que desenvolvemos um modelo que permite que a actividade comercial das feiras coexista com protocolos de saúde rigorosos, tornando o local num ambiente seguro para expositores e visitantes se encontrarem.
Estes protocolos, que são apoiados pelas autoridades sanitárias da Comunidade de Madrid, incluem um sistema inteligente de controlo de capacidade que monitoriza o fluxo de pessoas e permite-nos evitar a superlotação, e uma série de medidas como um sistema avançado de ventilação que garante a renovação total do ar a cada 20 minutos nos pavilhões. O ar não é recirculado e é filtrado, pelo que esta medida é essencial para evitar a propagação de agentes patogénicos.
São também efectuadas verificações de temperatura em todos os participantes, a utilização de máscaras FFP2 e a apresentação de certificados de vacinação são exigidas aos expositores e visitantes da UE.
Os visitantes de outros países que não são membros do sistema de certificados digitais COVID da UE devem apresentar o QR Espanha Travel Health. Se não tiver estes certificados, pode também apresentar um certificado negativo recente – 24 horas – e há a possibilidade de fazer este teste no local, para aqueles que preferem este requisito alternativo e também para os participantes que precisam dele para regressar ao seu país.
Quais são as perspectivas da organização em termos de número total de visitantes e de participação internacional?
Confirmamos a participação de 506 expositores directos de 21 países – Austrália, Bélgica, Bélgica, República Checa, Chile, China, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Lituânia, Luxemburgo, México, Países Baixos, Paquistão, Polónia, Portugal, Espanha, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos – e a participação total, também em termos do número de empresas representadas, será de mais de 1.600 empresas.
Por outro lado, a situação sanitária está a melhorar e estamos a ter um elevado número de registos de visitantes profissionais nestas semanas, pelo que estimamos que o número de visitantes excederá 30.000.
Em comparação com a edição de 2020, que mudanças e novidades são esperadas para a edição deste ano?
A estrutura organizacional da SICUR não mudou, é uma feira muito sólida com um formato bem sucedido que inclui uma grande área de exposição comercial em torno dos sectores de Segurança no Trabalho, Incêndio e Emergência, e Security, para além dos espaços SICUR CYBER e SICUR RESILIENCE.
Temos também um programa completo de Conferências Técnicas, no FORO SICUR; uma iniciativa para dar visibilidade às empresas e projectos empresariais em SICUR START UPS, e a GALERIA DA INOVAÇÃO, que reúne uma selecção de novas propostas muito interessantes que mostram as linhas de progresso nas quais o sector da segurança está a trabalhar.
A todo este conteúdo acrescentámos a plataforma SICUR LIVEConnect, que “hibridiza” o evento e complementa digitalmente a participação presencial de empresas e profissionais, tornando possível alargar o tempo e o enquadramento geográfico para a preparação e acompanhamento da feira.
A SICUR LIVEConnect oferecerá informações sobre equipamentos, soluções e serviços dos fornecedores do sector, e terá uma poderosa ferramenta de matchmaking que permitirá conhecer as preferências dos clientes; realizar reuniões on-line e agendar reuniões presenciais, e obter contactos, entre outras funcionalidades.
Dado que o sector da segurança está a tornar-se cada vez mais tecnológico, como é que a SICUR está a acompanhar este mesmo ritmo de inovação, especialmente em termos dos temas abordados e do tipo de produtos e expositores presentes?
A SICUR é um reflexo da natureza inovadora do sector da segurança e todo o seu conteúdo está, portanto, em conformidade com os avanços que estão a ser feitos a este respeito.
Neste sentido, veremos novos produtos em todos os stands da SICUR e a GALERIA DA INOVAÇÃO ecoará, como em cada edição, algumas das propostas de vanguarda.
Este ano, seleccionámos 31 produtos, entre os quais, no que diz respeito à Security, veremos, por exemplo, importantes avanços nas fechaduras para veículos industriais ultra seguros; um painel de controlo do sistema de segurança para dispositivos sem fios; um detector de movimento exterior sem fios com uma câmara integrada para verificar alarmes; novas câmaras de videovigilância com maior resolução, sensibilidade e sistemas de gestão de vídeo que suportam soluções preditivas; drones com a capacidade de responder rápida e automaticamente a eventos de alarme; câmaras para detectar mais eficazmente violações de estradas e radares que fornecem uma monitorização global mais abrangente; sistemas avançados de credenciais virtuais para smartphones; tecnologias que reduzem grandemente as falhas na detecção de fugas de gás tóxico; plataformas de vigilância integradas; sensores laser altamente precisos para detecção de intrusão; um arco detector de metais, que integra a detecção automática de pessoas com febre; e um detector de telemóveis destacável, entre outros.
No sector de incêndio e emergência, teremos soluções importantes destinadas a melhorar as instalações no combate a incêndios, tanto do ponto de vista estético como funcional e de custo; sistemas de válvulas para tornar mais eficaz o armazenamento em tanques de água; as mais recentes propriedades de resistência ao fogo de EPIs para bombeiros; soluções inovadoras para o armazenamento de produtos perigosos; um sistema avançado de extinção que evita potenciais danos estruturais no edifício; um sistema combinado de detecção e extinção de incêndios em contentores com baterias de iões de lítio; uma plataforma de gestão que ajuda a garantir a segurança e produtividade das instalações de um edifício de forma mais eficiente; e até mesmo tubos com tratamentos de elevada protecção anticorrosiva.
E em termos de segurança no trabalho, veremos todas as inovações em materiais e designs de equipamento de protecção, calçado para trabalho mais leve e de máximo desempenho, e elementos e ferramentas cada vez mais seguros para realizar diferentes tarefas, tais como uma escada telescópica de alumínio ultra-compacto, e acessórios de fixação para fixar escadas em posição de apoio a caleiras, bem como tecnologias de conectividade directa que permitem a monitorização de toda a frota em tempo real e a partir de qualquer lugar; um detector de gás sem fios com software baseado na cloud e funções em tempo real, ou um dosímetro de ruído pessoal compatível com uma aplicação smartphone.
Para além da área de exposição, a SICUR 2022 tem, como habitualmente, um programa de conferências e sessões. Quais são os destaques desta edição?
O programa de conferências técnicas FORO SICUR é um importante valor acrescentado para os participantes da SICUR, pois oferece aos profissionais um espaço de aprendizagem sobre tópicos actuais, mudanças futuras, experiências partilhadas e melhores práticas, e muita da informação de que necessitam para melhorar o seu desempenho no trabalho.
Nesta ocasião, especialistas abordarão os novos desafios e exigências da segurança global, tópicos como a Segurança Civil para a Sociedade, Mulheres e Segurança, a contratação de serviços de segurança; teremos conferências que analisarão a segurança operacional e em intervenções de emergência; gestão de crises pandémicas, com demonstrações de soluções tecnológicas; uma conferência sobre drones; novas tecnologias na resolução de incidentes e inovação e novos desafios no combate a incêndios serão discutidos.
Haverá também uma análise aprofundada da coordenação entre saúde pública e saúde ocupacional, novos desafios em saúde e bem-estar no trabalho e um programa extensivo dedicado à ciber-segurança, entre muitos outros tópicos.
A cibersegurança está na ordem do dia. Como estará este tópico presente no evento?
Teremos o espaço SICUR CYBER onde haverá um programa, organizado em colaboração com a Seguritecnia e a Red Seguridad, que será inteiramente orientado para os profissionais de segurança que participam na SICUR.
A cibersegurança tem de estar hoje em dia no centro de todos os sistemas de segurança, uma vez que todos eles estão a ser digitalizados em maior ou menor grau e a digitalização está a avançar rapidamente.
Os profissionais de segurança devem, portanto, concentrar-se também nestes tipos de ameaças e nos sistemas de protecção que as abordam. Desta forma, será abordada uma série de tópicos, tais como a cibersegurança na digitalização da segurança privada, acções face a ciberataques, investigação de crimes informáticos, recomendações de cibersegurança em projectos de segurança física, ou em vvideovigilância e controlo de acesso, telemóveis, etc., ou uma visão da segurança empresarial em relação à cibersegurança, entre outras questões.
Se analisar a trajectória da SICUR ao longo dos anos, como avalia a sua evolução e importância para o sector da segurança? A inovação está no seu ADN?
Sim, claro, as feiras comerciais são o tempo que todos esperamos para conhecer as últimas propostas e inovações no sector que representam, e neste sentido a SICUR é sem dúvida uma das principais referências internacionais em termos de avanços em matéria de segurança.
Em termos de desafios, quais são as principais tendências que vê neste sector e para onde vai a sua evolução?
O sector da segurança é capaz de inovar e adaptar-se constantemente a diferentes cenários, como tem vindo a demonstrar, pelo que acredito que continuará a evoluir na mesma linha, incorporando os avanços oferecidos pelas novas tecnologias e processos de digitalização para todos os segmentos da segurança.
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