Há quem o use com moderação, só para um ligeiro tempero. Há quem não se segure e use-o por tudo e por nada. Há ainda quem o faça por ter preguiça em ler o livro de receitas ou ainda para esconder a falta de dedo para a coisa. E, por fim, há os outros.
O bom senso (BS) não vem dentro de um frasco de especiaria e não se encontra na prateleira de supermercado. Antes assim fosse, ao menos dava trabalho a ir buscar e saía do bolso, uma condicionante portanto. É só mesmo fruto de auto didacta, é peça de autor.
O BS é usado, normalmente, por iniciativa própria tipo, “deixa-me cá empilhar estas caixas para ver se mudo esta lâmpada”, ou “ vou só obstruir esta porta 5 minutinhos enquanto limpo o corredor”, revelando na acção do executante um autêntico acto de bravura. É o sujeito activo. Ou pode ser empregue como directiva da hierarquia, “olhe, estimado, faça como você achar melhor”, neste caso a gravidade aumenta, o sujeito é passivo e manda.
Se usa-lo é audácia, pedir para promovê-lo já roça requinte de preguicite aguda para ir buscar o manual à prateleira.
E assim surgiu a expressão “cada cabeça sua sentença.”
Não quero ser interpretado como um extremista do tema, nem ala radical, e para provar alguma liberalidade, nesta minha tese cabe o uso do BS pelo agente, mas só empregado para depois da hora de expediente, nas folgas e período de férias.
Para acabar com esta modernice e iluminar o caminho, é aqui que entra a figura do Director de Segurança (DS), sendo o mesmo, por definição, pessoa honrada e irredutível, chegando a ser criatura execrável no exercício da sua função, vulgo #chatocomocaracas, cabendo-lhe a tarefa de fazer cumprir o que está convencionado em normas castas e de fácil leitura. É guião em que o actor só terá de ter os predicados acima mencionados para o filme ter sempre um desenlace feliz. Para tal, como bom praticante, socorre-se a toda a hora da sua Bíblia pois ela é lei, é a palavra e é sagrada. Medidas de Auto Protecção.
O DS nasceu unicamente com uma missão de vida, evangelizar o próximo, vulgo Cultura de Segurança, pretendendo, desta forma, fazer nascer um fenómeno de imperativo cultural. Aculturação do grupo.
Esta doutrina de mitigação do BS é ancestral, existe e está presente em inúmeras instituições de sucesso, sejam elas de caris militar, policial ou civil. No caso concreto deste cronista ele tem o privilégio de privar numa organização em que o By the Book é mesmo sem aspas.
PS: O autor não pretende com esta exposição limitar a criatividade ou o engenho, muito menos o sentido de iniciativa do leitor, apenas sugere que estes sejam aplicados nas horas de lazer.
Simplicity is the Ultimate Sophistication (Leonardo Da Vinci)
Por Marcos Alexandre, Security Manager Corinthia Lisbon
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