Por Magda Peralta, Técnica superior de SST, Megasa, SN Seixal
Desde o passado dia 18 de março, que os Portugueses viram a sua vida ser completamente alterada devido à nova pandemia do COVID 19, e novas preocupações surgiram de imediato. Como nos relacionarmos? Como trabalhar, em segurança? Como conter o vírus? Ou como mitigar os seus efeitos?
Ao longo destes meses, tanto eu como tantos colegas Técnicos de SST, mantivemo-nos sempre na linha da frente das empresas que representamos, era, e é necessário fazê-lo.
Ao tirar um curso de Técnico de SST, não optamos “somente” por uma profissão, optamos por um modo de vida profissional em que temos de ter a noção que o nosso foco terá de ser sempre o trabalhador.
Nesta fase, muito dura para todos os trabalhadores, com a implementação de novas metodologias de trabalho (teletrabalho, flexibilização de horários, distanciamento entre postos de trabalho, entre outros), novas rotinas profissionais e familiares, e por outro lado com o aparecimento de novos medos relacionados com a situação em si, o papel do técnico ganha ainda maior relevo e o que acima afirmo sobre a doutrina de “ser Técnico de SST” ganha ainda maior sentido e importância.
Sendo que minimizar os riscos para a segurança e saúde do trabalhador é a “obrigação” dos Técnicos de SST, foi colocado o desafio de como elimina ou minimizar um risco biológico desconhecido?
Atualmente este novo risco (infeção por SARS-cov2) tomou uma enorme dimensão e preocupação, junto de toda a comunidade de técnicos de segurança e em todas as empresas, uma vez que este ainda não havia sido catalogado (a infeção por SARS-cov1 apenas afetou a Asia), porque tem múltiplas dimensões (segurança de pessoas, produtividade reduzida, liquidez financeira afetada, …) e porque a propagação da doença é muito veloz, de tal modo, que todas as empresas tiveram de saber/aprender a lidar com este novo fenómeno do COVID 19 e rever as suas análises de risco e até o seu modo de estar.
Mas como fazer?
O primeiro ponto, é o de efetuar um bom planeamento. Apesar do pouco tempo que todos tivemos, para prepararmos os planos de contingência, esta ferramenta é fundamental para orientar equipas e indivíduos e especificar toda a preocupação e metodologia de ação da empresa.
Tendo este risco grande parte do seu controlo na alteração comportamental, lavar mais vezes as mãos, desinfetá-las com álcool, promover o distanciamento social (no País dos afetos), usar EPI’s adequados (mascaras e luvas), e evitar o contacto das mãos com a cara, a formação e informação dos trabalhadores devem ser elemento importante a considerar na elaboração do dito plano de contingência para além de todas as medidas especificas de cada empresa/organização.
Segundo ponto, não menos importante, a vigilância médica nas empresas, esta tomou um outro significado, o controlo de sintomatologias, o acompanhamento diário e a contenção, tornaram-se absolutamente essenciais, tendo neste aspeto um papel preponderante os médicos e enfermeiros internos, bem como os socorrista nas empresas que não têm serviços interno de medicina do trabalho, que identificam e triam sintomas, e sobretudo a acalmam a pessoa, que se encontra em situação de suspeita.
Finalmente, os meios e as infraestruturas, uma vez que neste momento para trabalhar todos precisam de mais espaço de trabalho, a distância impõe-se.
O distanciamento é aliás preocupante para muitas empresas, mas é essencial para poder redefinir tarefas, funções, áreas de trabalho e ferramentas. A utilização de equipamentos de proteção, sobretudo os óculos, viseiras e as máscaras, tomaram outra dimensão, sendo neste momento não só uma necessidade, mas também uma obrigação de proteção para o próprio, mas para terceiros.
Como identifiquei anteriormente, um dos pontos fundamentais para a diminuição desta pandemia, é sem dúvida a desinfeção e higienização, que inicialmente parecendo exagerada, nesta altura se torna uma rotina que todos aceitam, compreendem e implementam mecanicamente.
A limpeza do posto de trabalho antes do arranque do trabalho, durante e após, com rotinas bem identificadas, ajuda a controlar e mitigar possíveis contágios, mitigáveis, apenas com a colaboração de todos.
A desinfeção de mãos, ferramentas, máquinas, salas, refeitórios, balneários e espaços gerais é bem aceite e compreendida e respeitada por todos, trabalhadores, prestadores e visitantes. Efetivamente, o respeito pelos outros, mantendo a distância, é uma das lições a aprender com esta pandemia, esta é uma lição diária e em todas as situações do nosso quotidiano.
Tem sido uma grande luta, que não tem infelizmente ainda fim à vista. No futuro teremos todos de saber lidar com este novo normal provocado pelo “bicho”, que veio ensinar-nos novas formas de relacionamento interpessoal e empresarial, que aprenderemos a manter até conseguirmos superar esta guerra invisível, que a todos toca de uma maneira ou de outra.
Por fim uma palavra de apreço aos administradores, gestores, colegas, médicos, enfermeiros, prestadores e trabalhadores que mostram todos os dias a sua resiliência e compreensão/civismo.