Por José António Meneses, Especialista em Segurança / Director de Segurança e Vice-presidente da Associação de Directores de Segurança de Portugal
Nas últimas semanas têm vindo a público agressões, ofensas e injúrias praticadas contra profissionais de saúde. O que há de novo nesta situação é o facto destes profissionais perderem o medo e divulgarem a outros meios, estes eventos, levando a que a exposição mediática seja maior. Contudo, estas situações sempre aconteceram nas unidades de saúde.
Uma vez que estas últimas ocorrências assumiram uma exposição mediática acima do normal, atropelaram-se as opiniões dos responsáveis políticos pelas áreas que têm responsabilidade nesta matéria, ou seja, Saúde e Administração Interna.
Acontece que, como noutros eventos mediáticos, as opiniões que surgem sem se ponderar e sem ouvir todos os envolvidos, só podem, no mínimo, considerar-se “engraçadas”.
Falou-se em defesa pessoal para os profissionais de saúde, prontamente desmentido pelo Sr. Ministro da Administração Interna, face ao ridículo da situação! Oferecer “chazinho e bolos” para acabar com as agressões nos hospitais, também foi uma proposta, desta feita por parte do Secretário de Estado da Saúde. Vá-se lá oferecer chazinho e bolos a que acaba de perder alguém! Ou seja, sendo um hospital uma instalação critica, na minha opinião, não deveria ser obrigado a adoptar medidas de segurança obrigatórias, à semelhança de outros sectores de actividade como as superfícies comerciais, instituições financeira, etc.?
Faz algum sentido que “nestas cidades” a pessoa que tem a responsabilidade pela segurança seja um enfermeiro ou médico, sem qualquer formação nesta área? Isto é a mesma coisa que colocar um director de segurança como director clínico ou a gerir o departamento de cardiologia de um hospital!
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Enquanto por aqui nós olhamos para as coisas, ignorando pormenores como o facto da segurança dos hospitais estar na sua grande maioria, senão a totalidade, nas mãos de empresas de segurança privada, aqui ao lado, em Espanha, já desde 2019, em resposta a situações semelhantes em Múrcia e País Basco, com o apoio da Polícia Nacional Espanhola, considerava-se colocar profissionais, com a especialidade de Director de Segurança, nas unidades hospitalares, de forma a desenvolver, implementar e gerir políticas de segurança para estes espaços, em estreita colaboração com as forças e serviços de segurança do estado.
Lá está, sem quaisquer complexos e admitindo que o estado não tem capacidade para estar em todo o lado, consideram alargar medidas, que já são obrigatórias noutros sectores de actividade, aos hospitais.
Enfim, enquanto nesta matéria, tal como noutras, andarmos a reagir e legislar atrás de mediatismos, andamos a dar paliativos a situações que exigem medidas de fundo e ponderadas!