A WalliD, startup portuguesa que desenvolveu um protocolo aberto baseado em blockchain para oferecer soluções de autenticação e identificação online, anuncia o levantamento de 600 mil euros numa ronda liderada pela Armilar Venture Partners e com o co-investimento da Imprensa Nacional – Casa da Moeda (INCM). A ronda seed da startup completa-se após um ano da sua criação e permitirá a execução da estratégia de desenvolvimento internacional.
A visão da WalliD passa por trazer as credenciais do mundo físico para o mundo online, com vista a solucionar questões como violações de dados massivas e fraudes de identidade. A solução conjuga as vantagens da tecnologia blockchain, como a imutabilidade e transparência, com a garantia criptográfica dos certificados digitais gerados por autoridades credenciadas, incluindo, por exemplo, governos, universidades, associações, empresas ou clubes desportivos.
Através da plataforma da WalliD, um utilizador pode guardar os seus documentos de identificação na sua wallet digital e partilhar essa informação com serviços online, dando-lhes uma prova criptográfica da sua identidade. Simultaneamente, as empresas e organizações podem integrar os produtos e serviços da WalliD nos seus processos internos de certificação de identidade, de forma a entrar em conformidade com um contexto de regulação cada vez mais exigente e tendo assim a possibilidade de identificar os seus clientes (também conhecido como procedimentos Know Your Customer) ao mesmo tempo que reduzem os custos tradicionais deste tipo de processos.
O protocolo da WalliD segue o princípio de “data protection by design and by default” e foi desenvolvido para estar em cumprimento com a Regulação Geral de Protecção de Dados (RGPD) da União Europeia. Através da abordagem inovadora de processamento e encriptação de informação desenvolvida pela empresa, os seus utilizadores retêm o total controlo e posse dos seus dados pessoais.
“Nos últimos meses, desenvolvemos o protocolo blockchain e uma solução com funcionalidades básicas (minimum viable product) para que utilizadores pudessem guardar e partilhar a sua identificação e para que os serviços online que pedem identificação pudessem processar esta informação instantaneamente e sem barreiras. Chegámos agora a uma fase de maturidade e a WalliD conta agora com um produto capaz de modificar totalmente a certificação de identidade digital”, explica Filipe Veiga, fundador e CEO da Wallid. “Apesar de o nosso objetivo passar por alcançar utilizadores e developers de todo o mundo, os nossos primeiros use cases vão acontecer em Portugal. Este é o motivo pelo qual fizemos parceria com a INCM, o emissor do cartão de cidadão português, desde o início do nosso percurso, permitindo-nos integrar a tecnologia por detrás dos certificados digitais na plataforma da WalliD e testar o protocolo no mercado português”, refere Filipe Veiga.
Sobre esta ronda de investimento e o caminho que agora terá de ser percorrido, o responsável acrescenta: “A Armilar Venture Partners foi uma escolha óbvia para os nossos próximos passos. A equipa da Armilar deu um apoio essencial à nossa equipa de gestão, não só fornecendo importantes insights, como também nos ajudou com uma abordagem prática para ultrapassar os desafios tecnológicos, regulatórios e de desenvolvimento de negócio, que surgem todos os dias na vida de uma startup”.
Este é o quarto investimento que a Armilar Venture Partners realiza a partir do Fundo de Transferência de Tecnologia, o mais recente veículo de investimento da gestora de fundos de capital de risco que investe em projetos desenvolvidos a partir de resultados de investigação científica e tecnológica realizada em Portugal e na Europa.
Pedro Ribeiro Santos, Partner da Armilar Venture Partners, explica que “a WalliD resolveu um problema monumental do mundo digital dos dias de hoje: compatibilizar a conveniência de ter dados pessoais online e a necessidade de assegurar que ficamos em total posse desta informação e que temos direito à privacidade online, que regulamentos como o RGPD pretendem proteger. Quanto mais centralizados forem os dados – como tem sido o caso durante muitos anos –, maior a confiança que temos de ter em quem os protege; teoricamente, descentralizar os dados iria aumentar o risco de exposição e de violação da conformidade com os regulamentos; mas fazendo uso de sólidas técnicas de criptografia, a WalliD consegue tirar proveito da infraestrutura das wallets pessoais de cada utilizador, para assegurar que os cidadãos têm total controlo sobre a sua informação sem terem de sacrificar a conveniência ou precisarem de confiar em entidades externas para protegerem os seus dados”. Refere ainda que a “WalliD é outro bom exemplo do engenho que temos encontrado em brilhantes equipas europeias de empreendedores, que a Armilar apoia com o seu Fundo de Transferência de Tecnologia”.
A WalliD foi incubada na Caixa Mágica Software, uma spin-off do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e a empresa foi constituída em 2018. A equipa vai utilizar esta ronda de investimento para abrir o protocolo a outros developers e executar as ambições que têm com a sua estratégia de desenvolvimento internacional de negócio.