Perdas no retalho representam 1,44% das vendas

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Na Europa, a perda conhecida e desconhecida, representou uma média de 1,44% das vendas dos retalhistas entre 2015 e 2017, e 2,1% se juntamos o custo em medidas de segurança e prevenção contra o furto (0,61%). Por sectores, estas perdas e o investimento em segurança alcançaram na alimentação 2,6% das vendas, seguidas de 2,1% para os artigos têxteis e o perpetuado nas estações de serviço. No seu conjunto, os custos da delinquência representariam a faturação total da quarta cadeia de distribuição europeia. Estes são dados do novo relatório, divulgado este mês,‘Retail Security in Europe. Going beyond Shrinkage’, realizado pela Crime&Tech, uma organização da Università Cattolica del Sacro Cuore – Transcrime com o apoio da Checkpoint Systems.

Este estudo focou-se em 11 países europeus: Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Itália, Países Baixos, Polónia, Suécia, Reino Unido e Rússia, e adopta uma metodologia inovadora que inclui um inquérito a retalhistas, que representam cerca de 23.000 lojas, dados sobre as perdas de 3500 lojas (o maior conjunto de dados deste tipo jamais analisado), e a análise de 1600 notícias sobre a delinquência nos comércios retalhistas, um grupo de referência e entrevistas com mais de 50 directores de segurança.

Tendências

Por sector, a fraude em alimentação alcançou 2% das vendas, seguido de 1,4% em artigos têxtis e o terceiro em secções de acessórios para animais. No seu conjunto, os custos das perdas o gasto em segurança representaria a facturação total da quarta principal cadeia de distribuição europeia.

Top 5 de artigos furtados

Demonstrando os produtos de maior risco para os ladrões, o relatório revela que os cinco principais artigos furtados, por valor, no retalho alimentar incluem bebidas alcoólicas, queijo, carne, doces e enlatados.

No sector têxtil, acessórios, malhas, calças e camisas foram os artigos mais atractivos, enquanto os telemóveis e acessórios lideraram a lista no sector electrónico e ferramentas de alto valor.

Sazonalidade do furto

De acordo com a maioria dos inquiridos (62%), o Inverno é a época em que há maior probabilidade de perda, seguido da Primavera e Verão – considerando que na época mais alta do verão os valores elevam a estação para o segundo lugar.

Factores que favorecem a fraude no retalho

Entre os fatores externos que mais impactam o fenómeno da perda, os retalhistas europeus destacam que está é maior em áreas urbanas com alta densidade populacional e rendimentos mais baixos. O relatório destaca também que não existe uma relação de causa-efeito entre o nível de perda e a propriedade, segundo as fontes policiais consultadas.

Ainda assim, o estudo da Crime&Tech destaca que a perda é maior em lojas de tamanho grande e que existe uma correlação entre o número de horas de abertura ao público e a perda registada. Por outro lado, a fraude é mais elevada em estabelecimentos próximos de estações de comboio ou do metro, nos situados em ruas de grande afluência do público e as lojas que dispõem de caixas de self payment.

O uso de armas de fogo e navalhas alcança os 38% na Europa

O furto externo por parte dos consumidores continua a ser a causa mais frequente da perda desconhecida na distribuição comercial. 28,2% é cometido por indivíduos que acuam sozinhos e 71,8% por grupos compostos por 2 ou 3 pessoas.

Cabe assinalar que na Europa continua a ser marginal o uso da força, seja mediante armas de fogo (16,7%) ou violência física (8,3%), sendo a ameaça a força sem ver qualquer arma a que na maioria dos casos se utiliza para perpetuar o furto (52,8%). O relatório assinala o aumento dos microgrupos organizados nómadas, e que este é um fenómeno emergente.

O furto interno e o produzido na cadeia de distribuição continuam a ser significativos. O relatório destaca que, além da apropriação indevida dos artigos, é possível detetar fraude pela manipulação dos dados das vendas e dos KPIs, pelo uso desleal dos cartões de fidelização e de oferta, nos falsos reembolsos e devoluções, e no aumento do preço dos artigos. O relatório aponta que muitos retalhistas se limitam a analisar os perfis laborais apenas no processo inicial da contratação do pessoal e menos quando já pertencem à equipa.

Relativamente ao pessoal interno relacionado com os furtos, o relatório indica que são os funcionários da sala de vendas ou da caixa ou os mais envolvidos em fraudes, assim como os responsáveis de loja, sobretudo em estabelecimentos de moda e beleza e cosmética.

Por outro lado, mais de dois terços dos retalhistas inquiridos alegam ter sofrido algum tipo de fraude na sua cadeia de distribuição, seja por serviços logísticos, de limpeza e por parte do pessoal de segurança subcontratado.

Nos 11 países europeus que aborda o estudo, o custo das medidas de proteção tomadas pelos retalhistas ascende a 0,6% da sua faturação total. Por âmbitos, é maior o investimento em segurança de bricolagem e gasolineiras (1%), têxtil (0,7%) e alimentação (0,6%). As contramedidas mais habituais são as câmaras de vigilância, os sistemas EAS e os alarmes ligados à central.

No referente a tecnologias, a proteção dos artigos com etiquetas representa 71,7%. A RFID (Identificação por radiofrequência digital) utilizada independente ou juntamente com o código de barras por 7,6% dos retalhistas.

Impacto económico nos 11 países europeus: 49 mil milhões de euros

O custo da delinquência (35 mil milhões de euros) mais o investimento em medidas de segurança (14,5 mil milhões de euros) comporta um impacto anual que representam 2,1% dos valores de vendas dos retalhistas europeus, quer dizer, 49 mil milhões de euros nos 11 países analisados, isto é, 89 euros por europeu ao ano per capita.

Para o futuro, os autores do relatório consideram importante analisar com maior profundidade como são contabilizadas as perdas por parte da distribuição comercial, que impacto tem na atividade delativa estas perdas, como afeta este fenómeno a atitude de compra dos consumidores, que relação existe entre os departamentos de segurança, auditoria e controlo da gestão, como se avalia o inventario e a sua relação com a fraude, como melhorar o processamento de dados, que contramedidas se podem adotar para ser mais eficientes na luta contra o furto, assim como planear novas formas que estimulem o intercambio de informações e práticas entre os retalhistas.

Ao referir-se ao relatório, o professor Ernesto Savona, Diretor da Crime&tech, declara: «A investigação revela que os retalhistas de toda a Europa utilizam uma combinação de técnicas para medir a perda, termino este no qual incluem uma variedade de perdas tanto delativas como não delativas. Todos estes diferentes focos deverão ser tidos em conta na hora de interpretar os resultados apresentados. Por esta razão, o estudo vai mais além da perda e analisa as políticas e as tecnologias de inventário dos retalhistas, os fatores de contexto que influenciam as perdas dos retalhistas, o modus operandi dos ladrões, e como se adaptam e combinam as contramedidas e as soluções de segurança.”

David Pérez del Pino, Diretor Geral da Checkpoint Systems para Espanha e Portugal, adiciona: «A Checkpoint tem uma larga trajetória na investigação de perdas de vendas de retalhistas, e já patrocinou e publicou vários prestigiosos relatórios durante os últimos 16 anos. O novo estudo “Retail Security Europe” ajudará os retalhistas a avaliar e definir as suas próprias estratégias de prevenção de perdas, a reduzir os furtos e a melhorar a experiência do cliente.»