Controlo de Acessos e Segurança Integrada na Indústria da Cannabis

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Por Fernando Martins, Head of Security, Natech

Para se desenhar um sistema de segurança, em primeiro lugar, temos de compreender cada componente do sistema, incluindo a infraestrutura física onde será implementado.
Começando pelo princípio, e neste contexto da indústria em questão, temos uma edificação que se debate com dois mundos destintos: o da agricultura e o da indústria farmacêutica. Enquanto o primeiro é mais rural e aberto, o segundo é muito mais urbano e fechado.
As empresas que prestam serviços ao redor da criação de uma empresa destas também acabam por formatar-se aos mesmos ambientes.
O controlo de acessos é muito utilizado na indústria farmacêutica e pouco ou nada na agricultura. Já na integração de sistemas, a diferença tecnológica está muito mais próxima.
Daqui advém que a parte mais delicada será desenhar um sistema integrado de segurança, onde uma das suas componentes é o controlo de acessos, a par da deteção de intrusão e vídeo vigilância. Iremos falar apenas de Segurança contra comportamentos antissociais (Security), e não da proteção contra incêndios que outra área da Segurança (Safety) aborda e que se destina à proteção da edificação em si mesma contra elementos da natureza, como é o caso do fogo.
Especificamente no controlo de acessos, nas zonas mais sensíveis da parte farmacêutica da edificação, existe tipicamente um tipo de acesso controlado, de modo a garantir a salvaguarda da passagem de uma pessoa apenas e que essa passagem corresponde à execução de procedimentos próprios da indústria, num espaço confinado e intermédio entre duas zonas.
Nesta situação, tanto por parte da indústria cliente como do prestador de serviços em sistemas de segurança, costuma falar-se na necessidade de instalar um “interlock”, nome que descreve a área referida acima. Por isso, tanto os fornecedores das componentes da edificação, e especificamente os fornecedores de portas, tal como os fornecedores de sistemas de controlo de acessos, têm soluções próprias e específicas para este efeito.
Daqui decorre a sobreposição de conceitos e equipamentos, com a qual se deve ter um cuidado especial, pois uns e outros vão querer “as suas” portas bem controladas. Em termos de equipamentos isso significa que cada um vai querer fornecer “o seu controlador de porta”.
Acontece que uma porta é apenas uma, e como tal só precisa de um controlador. Pode ter uma dúzia para diferentes efeitos, mas em termos de segurança só precisa de um e a esse um deve ser dada prioridade. Em retorno, através do controlo de acessos por parte da segurança, tem de se garantir a tal dúzia de outras funções que queremos integradas.
O controlador de controlo de porta de um controlo de acessos, nesta situação particular, tem de ser dimensionado em termos de entradas e saídas de comandos, assim como de alimentação elétrica auxiliar, definidos por uma matriz de necessidade dessa mesma porta.
É aqui que se destaca o fator integração de sistemas, que deve espelhar o que acima foi abordado. E isso é diferente de interligação de sistemas.
Enquanto, interligar sistemas será perante a existência de diferentes sistemas, completos no seu pleno, proceder à sua ligação física e lógica, para um funcionamento comum, a integração é uma abordagem holística ao problema.
A abordagem holística por definição é aquela em que o resultado é superior à simples soma das partes. Daqui retira-se mais uma justificação para, na situação acima descrita, utilizar-se apenas um controlador de porta, que irá produzir o efeito de tantos quantos os necessários. Felizmente, e normalmente, são apenas dois, que assim se reduzem a um.
Voltemos, então, à porta, propriamente dita. É esta que tem como função impedir a passagem de alguém, não é o controlo de acessos que faz isso. Este não se destina a impedir, mas pelo contrário a permitir que de forma controlada se tenha acesso à abertura e fecho de porta. Portanto, as especificações da porta devem corresponder ao nível de risco de segurança identificado. É uma porta e uma fechadura melhor que nos protege, não o sistema de controlo de acessos.
Assim, uma porta adequada em termos de segurança (e de todas as outras necessidades da indústria), deve possuir uma boa fechadura elétrica (para se deixar de usar chaves mecânicas, e deixar que o controlo de acessos tome conta desse processo) a qual deve transmitir ao controlador de porta, se esta está aberta ou fechada.
E temos o tema resolvido, evitando mais que um controlador, mas não só. Não se refere contactos magnéticos para deteção de porta aberta, nem retentores eletromagnéticos para garantir robustez na situação de porta fechada. Isso é feito pela própria porta e sua fechadura, que deverão ser fornecidas por quem trata da edificação, enquanto toda a gestão da porta é fornecida pala área da segurança.
Independentemente da exposição teórica, digamos pelo menos aceitável, por parte do autor, os problemas de instalação, comissionamento e manutenção das correspondentes partes da edificação, podem representar um valor em equipamento, tempo e custo, muito superior, ao simplesmente aceitar, por teoria ou definição, que a uma porta só responde a um controlador, só tem uma fechadura em termos de equipamento de fábrica associado e tudo o resto é colocado nas mãos do Sistema de Controlo de Acessos que faz parte Sistema Integrado de Segurança.
Para fechar o tema, apenas a recomendação para que se faça o controlo tanto de entradas como de saídas, para se saber quem entrou em caso de incidente de comportamento antissocial, ou quem tem de se garantir que saiu em caso de incidente proveniente de riscos naturais, como o fogo.